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Fome é consequência

Caridade: um disfarce dos capitalistas que promovem a fome

Mesmo mobilizando pessoas solidárias ao sofrimento dos mais pobres, caridade, muitas vezes, é um golpe publicitário da burguesia

Pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan) revela que a fome já era uma realidade para 116,9 milhões de pessoas, já estavam em situação de insegurança alimentar ao final de 2020, o que representa mais de 55% da população. Diante de um flagelo social desta magnitude é absolutamente indiferente a isto, a burguesia vem impulsionando campanhas que apelam ao espírito solidário do povo brasileiro, como forma de contornar o problema pela via mais barata possível.

O que os revolucionários não devem nunca perder de vista, independente da boa vontade que permeia tais campanhas, é o fato deste flagelo ser resultado direto da política de rapina promovida pela burguesia. Se quase 117 milhões de pessoas passam fome, não devemos esquecer que nos primeiros meses de 2021, o número de bilionários brasileiros listados pela revista capitalista Forbes – com fortuna em dólares -, cresceu mais de 44% em quantidade – de 45 para 65 – e 71% no valor da fortuna combinada.

São mais de US$219 bilhões acumulados pelos setores mais poderosos da burguesia, o que em reais vale aproximadamente 1,2 trilhão. E isto em meio a uma crise social e econômica sem precedentes no País. Sem surpresa, a família Marinho destaca-se na lista de Forbes, com os três herdeiros de Roberto Marinho – fundador do Grupo Globo -, despontando com US$1,8 bilhão cada.

“Não resolve, mas ajuda”

A culpa no cartório dos Marinho ilustra bem a demagogia que permeia a filantropia da burguesia. Por um lado, aparecem como o grupo social dos principais beneficiários do parasitismo que caracteriza o capitalismo. Por outro, impulsionam campanhas de caridade.

Detentores de um dos principais órgãos de imprensa da burguesia, O Globo, os Marinho usaram seu jornal para divulgar uma campanha filantrópica (“‘Nunca vimos tanta gente com fome’, diz filho de Betinho”, 7/4/2021). Na matéria, perguntas no nível de “como sensibilizar as pessoas a doarem”, o jornal burguês entrevistou Daniel de Souza, filho do finado sociólogo Betinho e atual presidente da ONG Ação da Cidadania.

Toda a entrevista é permeada pela política de que “a sociedade civil precisa voltar com as ações de solidariedade doando recursos e quilos de alimentos para os mais carentes.” Em dado momento, Souza lembra que a caridade da burguesia “não é o que vai resolver”, ao que o entrevistado contrapõe: “Não resolve, mas ajuda, não é?”

A ajuda de Doria

Perseguindo uma política mais ou menos parecida, o “civilizado” governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também vem apelando para uma demagogia barata, em muitos sentidos. Com uma campanha que é um verdadeiro escárnio, Doria lançou, no último dia 5, a campanha “Vacina contra a Fome”, transformando pontos de vacinação de coronavírus no estado em centros de arrecadação de alimentos. Tais alimentos não serão comprados pelo governador mas doados pela própria população.

Trata-se de um golpe publicitário. O termo de adesão obriga a propaganda da campanha enquanto transfere às prefeituras a responsabilidade por arrecadar, armazenar, conferir as condições de consumo, montar e distribuir os kits contendo os alimentos doados. Nesse sentido, a ação de Doria em resposta ao flagelo da fome atesta que o psicopata governador paulista sequer está interessado em “ajudar”.

Com um PIB de US$1,2 trilhão, SP é duas vezes mais rico, por exemplo, do que uma nação imperialista como a Bélgica (cujo PIB em 2014 era de US$527,8 bilhões), entre diversos outros países. O estado poderia tranquilamente ter um programa de assistência social verdadeiro, capaz de garantir uma rede de segurança alimentar e muito mais à população, caso houvesse interesse do governo Doria, que pouco ou nada deve a Bolsonaro na indiferença criminosa para com o drama do povo.

A raiz do problema

Obviamente, a crítica às campanhas de caridade não se direcionam às pessoas que aderem a estas, visível e indiscutivelmente bem intencionadas. Afinal, é notório o sofrimento que aflige a maioria da população, especialmente as camadas mais pobres da classe trabalhadora.

Ocorre que, como se destacou acima, a caridade e a solidariedade não podem ser comparados a uma política governamental de enfrentamento da fome, que mobilize os recursos públicos – naturalmente maiores do que a capacidade das pessoas individualmente – para realizar a tarefa.

Isto depende, acima de tudo, de um governo voltado aos interesses dos trabalhadores, que ponha em prática uma política de assegurar alimentos aos trabalhadores empobrecidos pela crise capitalista e também, ataquem a raiz do problema, expropriando a burguesia, classe de parasitas responsável pelo roubo de toda a riqueza produzida pelos trabalhadores.

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