Os capitalistas querem que os governos dos Estados Unidos e Brasil fechem uma série de acordos antes das eleições americanas, programadas para novembro. Há preocupação de que uma possível derrota de Donald Trump para o democrata Joe Biden possa impactar as relações entre os dois países.
Diversos temas estão na pauta, como a entrada do Brasil na Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e um acordo comercial entre os dois países. Para discutir essas questões, o presidente Jair Bolsonaro viajou a Washington em março do ano passado.
A Câmara de Comércio Brasil-EUA, que congrega cerca de 5.000 empresas de ambos os países, elaborou um documento na qual aponta dez medidas consideradas prioritárias para este ano no período pré-eleitoral. Os empresários pedem ações que facilitem o comércio, marcos regulatórios em diversas áreas, comércio digital e o que chamam de combate à corrupção. O documento destaca ainda que devem ser efetivados a designação do Brasil como aliado extra-Otan e a entrada na OCDE.
Os capitalistas brasileiros e americanos temem que, caso Biden vença as eleições, as relações com o governo Bolsonaro sejam abaladas. Sob este último, o país sul-americano é totalmente alinhado com a política externa de Donald Trump. Setores dos democratas pressionam para que os Estados Unidos não ampliem relações comerciais com Bolsonaro, considerado um inimigo dos pilares da democracia. Deputados de oposição à Trump enviaram uma carta onde se diziam contrários a um acordo comercial Brasil-EUA.
A questão das tarifas e do livre comércio é considerada um assunto fundamental. Ainda que os americanos exijam retirada de tarifas protecionistas, eles demonstram total indisposição em flexibilizar ou eliminar tarifas para produtos brasileiros. Produtos agrícolas americanos são fortemente subsidiados.
Outros pontos que aparecem como prioridades na lista da Câmara de Comércio são a o restabelecimento do fluxo de viagens entre os dois países, o início de negociações que evitem a bitributação (imposto cobrado duplamente), fortalecimento da diplomacia bilateral parlamentar e a participação plena do Brasil no Global Entry.
O receio dos capitalistas americanos é expressão da crise mundial no coração do capitalismo imperialista mundial. Os Estados Unidos contam com dezenas de milhões de desempregados e se verifica o aumento exponencial da pobreza e da miséria. A pandemia do Covid-19 aprofundou a situação de crise que o país já experimentava. As eleições são marcadas pela disputa entre os diversos setores da burguesia americana, todos muito abalados pela crise econômica e pelos efeitos da pandemia do coronavírus.