O Instituto Internacional de Finanças estima que a dívida global deverá subir de U$ 10 trilhões em 2019 para U$ 255 trilhões em 2020, o que equivale a mais de 322% do PIB mundial, podendo chegar á 342% ainda este ano, se a economia tiver uma retração de 3% que é esperado. Nas economias de países emergentes a dívida representou no ano passado 220% do PIB, chegando a U$ 71 trilhões.
A dívida pública são os empréstimos que os governos fazem com instituições financeiras e grandes empresas e até mesmo com outros países, geralmente países mais desenvolvidos ou com condições econômicas mais favoráveis. O que é pouco divulgado é que estas dívidas geralmente são grandes acordos onde países se veem pressionados a aceitar o endividamento em momentos de crise com estas instituições como é o caso do FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. As dívidas acumuladas em sua grande maioria são ilegais e inconstitucionais, pois o dinheiro não é usado para o benefício da população, apenas para grandes empresas e o próprio mercado financeiro,porém, quando a dívida é cobrada, o dinheiro sai do bolso dos trabalhadores.
As cobranças de dívidas públicas com as grandes instituições capitalistas sempre chegam carregadas de austeridade e repressão contra os trabalhadores, afinal são medidas do mais alto nível de neoliberalismo. Já tivemos vários casos desse tipo de situação antes mesmo da crise capitalista global, mas também quando acontecem crises pontuais em alguns países como a Grécia, a Argentina e o Equador. Estes empréstimos e acordos formam um ciclo dentro dos países já que chegam como solução mas são parte do problema do endividamento dos países. Além disso, grande parte das arrecadações e do dinheiro dos países devedores fica exclusivamente para o pagamento da dívida. Isso representa menores investimentos em saúde, educação, criação de empregos, distribuição de renda, e ainda quando questionados, os trabalhadores são reprimidos com força policial e militar. Um pacote completo daquilo que realmente significa o neoliberalismo.
Por isso a necessidade de auditorias cidadãs, em que o próprio povo deva investigar a verdadeira natureza da dívida pública do país. De onde veio essa dívida? Para onde o dinheiro foi gasto? Quem foi beneficiado? Estas perguntas devem ser respondidas pela população já que são os trabalhadores que pagam e se constatado qualquer irregularidade, esta dívida deve ser anulada.
Agora em uma crise capitalista de proporções tão grandes mais uma vez as dívidas públicas estão subindo em níveis elevadíssimos mas a população está mergulhando em uma crise onde não vemos benefícios efetivos para ultrapassá-la. Para onde vai esse dinheiro dessa dívida? Quem vai receber o dinheiro do trabalhador quando ela for cobrada? Segundo a auditoria cidadã do Brasil, 38,27% da arrecadação do governo é para o pagamento da dívida.
A PEC do “Orçamento de Guerra” que foi aprovada para os gastos com a crise do Covid-19 e capitalista retira das próprias áreas sociais o dinheiro para enfrentar a crise, enquanto deixou intacto grandes montantes de dinheiro que poderiam ser usados para isso, como por exemplo os R$162 bilhões de lucros do Banco Central; os R$81 bilhões de recebimentos de juros e amortizações de estados, municípios e BNDES; os 13 bilhões de lucros das estatais e os R$ 505 bilhões de recursos obtidos por meio da emissão excessiva de títulos da dívida no passado.
Todo esse montante de dinheiro está destinado exclusivamente em pagar a dívida. Enquanto isso, o trabalhador informal e desempregado receberá apenas R$ 600 por mês para atravessar a crise e continuaremos pagando uma dívida em que não sabemos a procedência, para onde o dinheiro foi aplicado e quem são os beneficiados, em meio à uma crise que ainda não temos concretamente quais são as suas proporções. Aliás, sabemos muito bem quem são os beneficiados, que são os bancos e as grandes empresas capitalistas. Este seria o momento de suspensão do pagamento dessa dívida e que o dinheiro fosse repassado para o enfrentamento da crise.
O aumento da dívida pública e a sua cobrança são mais uma vez as medidas que o neoliberalismo encontra para que os trabalhadores paguem pela crise e salvem os lucros dos grandes capitalistas, por isso a necessidade de que o trabalhador se organize para exigir que isso não aconteça, não podemos pagar pela crise, não podemos usar o dinheiro do trabalhador para os grandes do mercado financeiro, por isso que uma das medidas eficazes para enfrentar a crise que o PCO apresentou a população é justamente que o dinheiro do trabalhador não seja entregue aos bancos, nem um real, pois são instituições que não produzem riqueza e apenas sugam o dinheiro do Estado e do trabalhador. Não é falta de dinheiro, é a destinação que não está sendo feita para os trabalhadores e seus problemas sociais e econômicos.