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Reportagem exclusiva

Capitalistas da Itapemirim atiram usuários ao descaso

Em meio à pandemia, usuários da Itapemirim são largados sem qualquer tipo de assistência.

A burguesia, apoiada por setores da esquerda pequeno-burguesa, clama pela unidade nacional entre esquerda e direita, patrões e empregados, empresas e consumidores, apontando essa como a melhor maneira de passar pela crise. No entanto, a experiência tem mostrado que a unidade proposta pela burguesia, no fim das contas, beneficia a ela própria em detrimento dos trabalhadores e consumidores. É o caso da empresa rodoviária Itapemirim, que está mostrando que os capitalistas não possuem qualquer tipo de espírito solidário. 

A Itapemirim, mesmo antes da crise do coronavírus, já estava em recuperação judicial por dívidas em sua grande parte trabalhistas, no valor de 300 milhões de reais. Por outro lado, no início deste ano, a mesma empresa anunciou que pretende receber aporte de 1 bilhão de reais para abertura de uma linha aérea, enquanto as obrigações com os trabalhadores se arrastam há anos.

Viagens de ônibus interestaduais, que são a especialidade da empresa, podem ter duração de horas ou dias. O novo coronavírus, por ser de fácil transmissão, vem tornando inviável este tipo de viagem, que chegaram a ser proibidas em vários estados do país, gerando cancelamentos e remarcações. Esta situação é especialmente delicada para os usuários deste transporte, que se vêem em meio a uma epidemia, em outro estado e sem conseguir voltar para casa. 

Se houvesse de fato um plano de unidade nacional, deveria aqui haver um plano da empresa para amparar estes passageiros; no entanto, a conclusão a que se chega é bem diferente na prática. Por meio de uma reportagem exclusiva do nosso diário, temos o seguinte cenário: duas irmãs, uma de 26 e uma de 13 anos de idade, vieram do Rio de Janeiro para Recife passar férias no início do ano de 2020. O retorno para o Rio de Janeiro estava agendado na empresa Itapemirim para o dia 19 de março, momento em que as medidas de confinamento por conta do coronavírus se intensificaram. Por esta razão, não foi possível embarcar na viagem de volta para o Rio de Janeiro, visto que os ônibus estavam proibidos de sair do Recife.

A “solução” encontrada pela empresa foi remarcar a data da viagem para 4 de abril, obrigando as passageiras, uma criança e uma mulher desempregada, a permanecerem em Pernambuco por mais duas semanas, dependendo de parentes, onde, contando com as duas convidadas, viviam dez pessoas na casa, das quais só duas estavam trabalhando. E, como era de se esperar, sem qualquer tipo de assistência por parte da Itapemirim.

No dia 4 de abril, por sua vez o ônibus também não saiu. As passageiras então pediram o reembolso das passagens, que foram compradas por R$ 395 reais cada, para tentar uma nova forma de retornar para o Rio de Janeiro ou mesmo para se manterem enquanto estivessem no Recife. No entanto, não foram reembolsadas. Dentre as variadas justificativas da empresa Itapemirim para apreender o dinheiro das passagens, foi dito que a empresa não teria culpa pelo cancelamento das viagens, e sim o “Governo”, que não deixou os ônibus saírem. O mais absurdo ainda foi que a Itapemirim afirmou que o status das passagens estavam como “embarcada”, o que seria impossível, pois nenhum ônibus interestadual teve autorização para sair da rodoviária.

Seguindo as orientações da central pelo telefone, os funcionários da rodoviária não realizaram o reembolso, nem a remarcação da viagem, sendo a orientação de a própria passageira tentar resolver o problema por telefone. No entanto, nenhum dos três números fornecidos sequer atendem, estando agora as usuárias sem resposta, completamente desamparadas sem o reembolso, nem as passagens de volta para casa, sem qualquer assistência, nem da empresa e nem do governo. Mesmo sendo possível beneficiária do auxílio emergencial, a adulta em questão fez o requerimento para ter resposta só depois de cinco dias.

As justificativas da Itapemirim para não devolver o valor das passagens demonstram o desrespeito e o descaso da burguesia com o população, mais ainda em um momento de crise. Mesmo em situações normais, os passageiros de ônibus, sem necessitar de qualquer justificativa podem cancelar as passagens até três horas antes do embarque com reembolso de 95% do valor, segundo termos de compra da própria Itapemirim. Além disso, em situações de caso fortuito ou força maior, o consumidor pode optar por remarcar ou desistir com reembolso integral do valor da passagem.

Quando a Itapemirim não devolve o valor da passagem aos passageiros sem ter realizado a viagem, ou seja, sem ter nenhum gasto com a passagem, promove o enriquecimento ilícito da empresa às custas dos usuários. Inclusive se aproveitando de um momento delicado para tirar vantagem sobre os passageiros lesados, passando pelo despreparo do governo em lidar com a epidemia e auxiliá-los devidamente, ficando a sua sorte nas mãos das empresas capitalistas que as lesam novamente com condutas como as narradas no caso acima, deixando o problema do passageiro em aberto e faz surgir vários outros por conta do descaso, como hospedagem, alimentação etc.

Os acontecimentos descritos nesse caso mostram que, no fim das contas, uma unidade entre os capitalistas, o Estado e o restante da população é completamente inviável. Se a população está completamente desamparada, perdendo seus empregos e tendo mais dificuldade para se sustentar, os capitalistas — e o Estado, agindo em favor destes — só estão interessados em evitar sua iminente falência.

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