Nesta semana o secretário Waldery Rodrigues anunciou durante audiência no Senado que o impacto da pandemia de covid-19 será de R$ 876 bilhões nos próximos 10 anos. Rodrigues é o secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia e anunciou essa realidade em sua participação na audiência pública na comissão especial que acompanha os gastos do governo para o enfrentamento da covid-19.
Segundo Rodrigues do montante de R$ 876 bilhões um total de R$ 615 bilhões seria o impacto direto com a pandemia de covid-19 e os outros R$ 261,6 bilhões previsto com aumento das despesas com juros em dez anos. Deste montante os maiores gastos seriam relativos aos pagamentos do auxílio emergencial, que estão estimados em R$ 322 bilhões em 2020 e R$ 143,3 bilhões de juros provenientes da dívida com o auxílio emergencial.
“O custo intergeracional, ao longo do tempo, calculamos em R$ 261 bilhões — custo do endividamento trazido pelas medidas da Covid-19 ao longo dos próximos dez anos — ou 0,4% do PIB. A gente tem que se preocupar com o hoje e com o amanhã”, afirmou Rodrigues.
O montante do impacto apresentado pelo governo da pandemia de covid-19 é próximo do montante supostamente “economizado” com a reforma da previdência. A reforma da previdência realizou um verdadeiro assalto a população, aumentando a idade mínima de aposentadoria, impondo regras regras de transição para os trabalhadores da ativa, com novas regras mais restringentes ao acesso aos benefícios.
Nesse cenário o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), Felipe Salto saiu em defesa do assalto a classe trabalhadora chamado de reforma administrativa: “A gente pode dizer que, sem a reforma da Previdência, aprovada ainda que tardiamente, as projeções para a dívida pública estariam mais altas. Certamente, estaríamos em uma situação pior”.
Sob desculpa do forte endividamento o Tesouro Nacional defende que não pode aceitar “medidas que dificultem o processo de consolidação fiscal e fragilizem a regra do teto de gastos”. Prometendo ainda em 2020, avança com as PECs do pacto federativo, emergencial e dos fundos públicos, e com os marcos regulatórios de cabotagem (navegação entre portos do mesmo país), do gás e das ferrovias.
Todos os pronunciamentos dos representantes da burguesia ou do governo Bolsonaro vão no sentido de querer retirar ainda mais dos trabalhadores para pagar gastos na pandemia. A mesma burguesia que com uma mão dá uma verdadeira esmola que foi o auxílio emergencial e com a outra mão tira todos os direitos da população realizando um verdadeiro saque no bolso dos trabalhadores. É certo que a burguesia e o governo golpista de Bolsonaro planejam novas reformas entre outras manobras para retirar direitos da população jogando aos milhares os trabalhadores ainda mais na miséria.