Os dois acidentes com o Boeing 737 Max 8 nos últimos 6 meses, dos quais um dos aviões havia acabado de sair do chão, trouxeram a tona mais um vez a velha falácia de que no capitalismo as coisas funcionam melhor pois a “concorrência” obriga as empresas em oferecerem o melhores serviços possíveis para manterem-se relevantes e requisitadas, evitando assim a bancarrota. Esse disputa pelo mercado impulsionaria o desenvolvimento tecnológico provendo a humanidade o melhor de seu alcance produtivo.
O capitalismo superou a fase da livre concorrência, necessária para seu desenvolvimento, há séculos atrás, assim como sua fase escravocrata e seu modelo feudalista. Estamos hoje na última fase do capitalismo: imperialismo. A malha produtiva das grandes empresas hoje tem proporções internacionais potencializando a produção de maneira absurda, embora este avanço possa ser extremamente beneficente para a população mundial, no capitalismo ele potencializa ao máximo a maior contradição inerente a esse modelo econômico: a concentração de riqueza.
A ideia de que as coisas funcionariam melhor no capitalismo, ou como apresentam de outra forma, as empresas privadas seriam mais eficientes do que as estatais é uma premissa absurda na atual etapa do capitalismo. Simplesmente não existe mais a livre concorrência, existem conglomerados empresariais gigantescos que engolem qualquer novo concorrente. O monopólio é regra e tem proporções intercontinentais. Por isso que hoje temos 80% das riquezas mundiais na mão de 1% da população. É uma proporção que só vem aumentando desde o início do século passado.
Mesmo tendo em vista que a própria razão que causaria essa “eficiência” das empresas privadas nem sequer existe, basta a experiência prática para nos mostrar a loucura dessa afirmação. Nessa caso da Boeing, muitos pilotos já haviam declarado publicamente que o modelo em questão tem defeitos “criminosos” como afirmou um piloto norte-americano no jornal Dallas News, fora as cinco reclamações formais já feitas às autoridades norte americanas. Problemas com mecanismos de segurança, perda de altitude brusca, problemas no auto-piloto e outros problemas que parecem ser inerentes ao modelo. Mesmo com as reclamações foi preciso dois acidentes – donde um matou 189 pessoas de uma só vez – que comovessem a população para que as autoridades começassem a se preocupar e as companhias aéreas botassem os modelos fora de circuito. Essa empresa que quer apossar-se da Embraer, e os golpistas estão dispostos a entregar essa fonte de renda nacional nas mãos dos monopólios internacionais.
A verdade é que não só não existe essa superioridade como ao contrário os monopólios por terem agentes da burguesia agindo em seu favor no mundo inteiro e uma gama gigantesca de recursos pode se permitir esse tipo de descaso com a vida alheia. Os advogados estão em seu favor e mesmo assim não existe multa que não possam pagar e não há quem os faça pagar. A Vale, culpada de duas catástrofes idênticas no espaço de dois anos, não sofreu nenhuma retaliação considerável e continua burlando leis ambientais e de segurança, sonegando, comprando juízes e sendo uma verdadeira ameaça a população, e não será diferente para a Boeing. Empresas estatais em um sistema capitalista não são mais éticas ou mais eficientes, mas seus ganhos e sua produção está, de certa maneira, à benefício da população de um país, são mercados enormes que não estão na mão da burguesia imperialista, e por isso a ânsia de privatizar, nada a ver como uma suposta eficiência das empresas privadas.