Se acotovelando no carro de som para aparecerem ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso antes de se entregar para a Polícia Federal, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) agora se veem “livres” para impulsionar suas candidaturas “abutres”, que esperam absorver parte do espólio decorrente da lenta destruição do PT pela direita golpista.
Em uma explicação completamente sem nexo, a presidente do PCdoB, Luciana Santos, declarou que seria “saudável” a pulverização das candidaturas de esquerda, pregando uma possível união somente no segundo turno. É preciso deixar bem claro que, na situação atual, ou a esquerda se une em uma mobilização popular que lute contra o golpe e vá para as eleições (se houver) com um apoio massivo dos trabalhadores mobilizados, ou irão participar de mais uma eleição manipulada pela direita e irão passar vergonha, ainda no primeiro turno, visto que uma vitória só seria certa se Lula estivesse na disputa.
Sem sequer reconhecer que estamos debaixo de um golpe, e o fato de que isso altera completamente todas as coordenadas políticas da situação, os partidos de esquerda preferem “esperar para ver” o que irá acontecer nos próximos meses, deixando toda a iniciativa política na mão da direita. Ou seja, fazem o que os golpistas mais querem, e ainda se explicam dizendo que, por alguma razão sobrenatural, isso tudo seria bom para os trabalhadores.
Para “formalizar” a confusão total, PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB farão um ato, no próximo dia 18, para “defender” as eleições. É preciso deixar claro que, sob ameaça explícita dos militares e anuência das instituições golpistas, existe uma enorme possibilidade de não termos eleições neste ano. E aí, esta esquerda que só consegue pensar em cálculos eleitorais e recursos institucionais, vai ser ver mais uma vez “surpreendida” e atordoada pela gravidade da situação.