O candidato à presidência Luis Arce chegou à La Paz nesta terça (28/01), recebido por uma multidão, e ainda no aeroporto já foi intimado pela justiça Boliviana. A intimação se refere a uma investigação encabeçada pelo Ministério Público de La Paz na qual Arce, que foi ministro da economia do último governo de Evo Morales, é acusado de desvios e outras irregularidades na administração do antigo Fundo Indígena (Fundioc).
Arce e seu advogado, o ex-ministro da Segurança do Cidadão Wilfredo Chavez, compareceram nesta quarta (29/01) para depor no Ministério Público. A sessão foi suspensa, após sua defesa alegar não ter tido direito às informações básicas sobre a investigação. Na saída o candidato foi novamente recebido por uma multidão de apoiadores. Arce, declarou: “Isso é eminentemente político contra a nossa candidatura”.
As palavras do candidato estão plenamente corretas. Este é o método de atuação da extrema direita golpista que tomou conta do governo Boliviano, subjugando o povo a uma verdadeira ditadura e, perseguindo seus adversários políticos. Desde o golpe contra Evo Morales, praticamente todos os políticos que faziam parte do governo e membros do MAS-IPSP foram sequestrados, violentados junto com suas famílias, forçados a renunciar de seus cargos etc.
Agora, com a nova etapa do golpe na Bolívia a extrema direita golpista e fascista tenta se legitimar via processo eleitoral, que ocorrerá em 3 de Maio, e para isso não medirá esforços na perseguição a seus adversários e à manifestação popular que é peça fundamental que pode pôr abaixo o esquema eleitoral fajuto.
É importante destacar que a sanha dos golpistas não se deterá frente aos esquemas eleitorais embasados pela política de conciliação do MAS. Evo Morales e seus partidários, mesmo antes do golpe de Estado, acumularam uma série de capitulações frente à direita, que foi na verdade o que preparou o terreno para a investida violenta da extrema direita. Ao recuar sucessivamente, frente ao assédio da direita, Morales incentivou o crescimento da extrema direita que foi se sentindo cada vez mais à vontade para tomar conta das ruas, até chegar ao governo.
Assim, a política de conciliação tocada pelo MAS-IPSP, em ceder às pressões da direita golpistas, se mantende sempre dentro das “regras” criadas justamente para atacar a esquerda, não convocando o povo às ruas e se levantar contra o golpe, alimentando a ilusão que um governo popular será vitorioso nas urnas num processo eleitoral controlado pela direita, vai resultar em um novo fracasso, o que permitirá um avanço da extrema direita sobre o povo.