Reuniões estão sendo feitas para o retorno do campeonato carioca. Presidentes de Flamengo e Vasco já se reuniram com Bolsonaro e obtiveram o aval. Os dois mandatários também se reuniram com o governador do DF, que se propôs a aceitar os jogos do campeonato em Brasília. A Federação de Futebol do Rio de Janeiro se reuniu com o prefeito do Rio, Marcelo Crivela no último domingo, sem a presença de representantes de Fluminense e Botafogo, que são contra a retomada da competição no atual cenário de pandemia do novo coronavírus.
Na última segunda, a FERJ, desta vez com a presença de Fluminense e Botafogo, se reuniu com os clubes para discutir a possibilidade de retorno. Os dois clubes contrários ao retorno do campeonato divulgaram documento durante a reunião pedindo a impugnação de alguns itens da pauta. O Flu e o Botafogo consideram precoce o retorno das atividades e contestaram mudanças propostas no regulamento, principalmente a mudança de local de disputa para Brasília.
Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, disse: “Seguimos na nossa posição de não retornar agora porque entendemos que a função social dos clubes de futebol é muito maior que qualquer situação econômica. Não podemos passar a ideia para a população em geral, em especial aos mais carentes, que neste momento está tudo voltando ao normal. As pessoas não estão cumprindo o isolamento social e então se voltarmos a jogar as pessoas podem se aglomerar em bares, nas casas de amigos e etc. Sobre o arbitral, já impugnamos e agora vamos pensar em outras medidas. Para tentar se valer do bom senso”.
É evidente a pressão da burguesia mundial para que a sociedade volte a funcionar rapidamente. Com a pandemia os prejuízos dos capitalistas se juntaram à incapacidade do estado burguês em organizar a sociedade para uma emergência sanitária e econômica. O que vemos é um total despreparo e desinteresse em ampliar leitos, distribuir equipamentos de proteção e proteger a vida da população. Com a ideia de que ficar em casa é “contraproducente” para a sociedade, toda a burguesia se manifesta a favor da reabertura de tudo, incluindo o futebol.
As ligas pelo mundo começam a ensaiar um retorno, na Alemanha o campeonato já reiniciou e aqui no Brasil querem surfar na mesma onda enquanto o país se transforma no principal foco mundial do novo vírus. A extrema direita no poder propaga a ideia de que as mortes são “inevitáveis”, que vão morrer mesmo milhares de pessoas “e daí?” e que o melhor mesmo é reabrir a economia e proteger apenas os velhinhos e doentes. Segundo o governo Bolsonaro, são esses os que morrem e os únicos que devem ser protegidos. A volta do futebol neste momento no Brasil é um ataque aos torcedores, por impossibilitar a ida aos estádios e promover aglomerações em bares e casas de amigos, além de ser uma medida perigosa que torna jogadores e profissionais que trabalham no esporte suscetíveis a contaminações.
É preciso que os trabalhadores, principais afetados durante essa crise – pois não podem ficar em casa e precisam trabalhar e se expor aos riscos do transporte público, das fábricas, dos galpões de telemarketing, das encomendas a ser entregues etc. – é preciso que os trabalhadores sejam organizados. É preciso reabrir os sindicatos, já e lutar pela não reabertura, por uma renda mínima maior que a esmola de 600 reais. Pela desburocratização do recebimento do auxílio emergencial. Por hospitais de campanhas de verdade, leitos e equipamentos. Por teste em massa da população e pela proteção total aos trabalhadores de serviços realmente essenciais.
Não dá para pedir tudo isso sem pedir o Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas e Eleições Gerais. Estas são questões centrais num governo que já provou que sempre pode substituir um nome ruim por um pior. A luta parcial levada por parte da esquerda que pediu Fora Ministro A, Fora Ministro B não é eficaz. Estamos vendo o governo com apoio dos militares implementando medidas cada vez mais restritivas. Governadores fingindo combater a pandemia. É preciso mobilizar e ir às ruas para pressionar por medidas eficazes de combate à pandemia bem como lutar pela derrubada do presidente golpista e todo o grupo que o levou ao poder.