É consenso em toda a esquerda e no movimento popular que Jair Bolsonaro é um candidato de extrema-direita, inimigo do povo, que defende a brutal repressão e esmagamento da classe trabalhadora, defensor da ditadura militar e da política de superexploração neoliberal de ataque à população e entrega do Brasil ao imperialismo.
Diz-se, inclusive, que Bolsonaro é um candidato fascista. Embora a denominação não seja exata, uma vez que ainda não existe um movimento fascista no Brasil (entendido historicamente como um movimento de massas impulsionado pela burguesia para exterminar a esquerda e o movimento operário), é certo que ele representa um setor completamente reacionário da direita brasileira.
A campanha de Bolsonaro, no entanto, pode até ser considerada moderada se comparada à campanha de João Doria, ex-prefeito e candidato ao Governo do Estado de São Paulo pelo PSDB.
O empresário coxinha foi “eleito” em 2016 prefeito da principal cidade do País, “derrotando” Fernando Haddad (PT) em uma eleição extremamente fraudulenta, já controlada pela direita golpista após a derrocada de Dilma Rousseff da presidência da República.
Naquela ocasião, a campanha enganosa de Doria dizia que ele era o “novo” na política, o “gestor” de sucesso, e não um político. Ele revolucionaria São Paulo, modernizando a cidade, levando o desenvolvimento com um programa privatizante. Era retratado como um empreendedor. Destruiu praticamente todos os serviços públicos da cidade, enviou a polícia inúmeras vezes para atacar trabalhadores e moradores de rua, usuários de drogas na Cracolândia e chamou funcionários públicos de vagabundos. Doria cuspiu na cara dos paulistanos e impôs quase uma ditadura na cidade. Em menos de dois anos de mandato, Doria regrediu São Paulo em cinquenta anos.
Agora, saindo candidato para governador, o político provou empiricamente como a direita “liberal” pode, sem a menor cerimônia, adotar um discurso e uma política nitidamente fascista. O programa eleitoral de Doria é mais à direita do que o do próprio Bolsonaro, que é considerado pela esquerda como o Hitler brasileiro.
Dentre as propostas de Doria para o Governo de São Paulo está a criação de milícias fascistas no campo a partir da patrulha rural para proteger a propriedade dos latifundiários da possível ocupação de terras por parte dos camponeses sem terra. Doria já afirmou que vai tratar o MST como um grupo criminoso, terrorista.
Ele também promete o brutal endurecimento das leis contra os pobres e a classe trabalhadora, como a redução da maioridade penal e, tal como fez em seu curto período como o pior prefeito da capital, o assassinato sumário de supostos criminosos pela polícia.
A própria estética propagandística da campanha de Doria é sinistra, ameaçadora. Lembra as propagandas dos institutos de direita, como o IPES, financiados diretamente pela grande burguesia e pelo imperialismo para preparar o terreno para o golpe militar de 1964.
“Eu não quero mais o PT no Brasil, eu não quero mais o PT em São Paulo”, disse Doria em um de seus eventos, ao lado do grupo de extrema-direita pago pelo imperialismo, o MBL. Em suas propagandas, ele fala em um suposto perigo comunista e diz que seu adversário, o direitista Márcio França (vice-governador de Geraldo Alckmin), é um “socialista esquerdista”.
É preciso lembrar que Doria tomou conta do PSDB de São Paulo, deslocando o diretório municipal para a extrema-direita. Isso faz parte da enorme crise que tomou conta do principal partido da burguesia e do imperialismo no Brasil, com a debandada de tucanos e o apoio de certas alas ao próprio França e também a Fernando Haddad a nível nacional, contrariando Doria de maneira escandalosa, uma vez que ele embarcou de vez, desde o início do 2º turno, na campanha radical por Jair Bolsonaro.
Doria apresenta-se, mesmo não sendo correspondido, como grande apoiador de Bolsonaro em nível nacional. Sua campanha inclusive já emitiu cartazes e adesivos pedindo voto a Bolsonaro, com o slogan de “Bolsodoria”.
“Defenda São Paulo”, lê-se no final de uma propaganda televisa de Doria, com fundo preto e um tom ameaçador, após ataques ao movimento popular e um discurso truculento contra os direitos democráticos.
Doria, mais ainda do que Bolsonaro, representa um perigo enorme à esquerda e à população. Ele é um típico governador de um regime autoritário e ditatorial, que se encaixaria perfeitamente em um possível regime militar. E pior: ele tem o apoio unânime do principal setor da burguesia e do imperialismo, de todas as instituições capitalistas, da direita e da extrema-direita, para escravizar as classes populares, sem o menor pudor de utilizar toda e qualquer repressão para atingir seus objetivos.
Assim como em todo o Brasil, o povo de São Paulo deve se mobilizar desde já, na organização do movimento popular e de massas, para combater a extrema-direita representada por Doria e pelos bolsonaristas. É preciso ampliar os comitês de luta contra o golpe, criar em seu meio os comitês de autodefesa, convocar imediatamente um Congresso do Povo e comparecer à 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe, que ocorrerá na capital paulista em 8 e 9 de dezembro, por iniciativa dos comitês e do PCO, com a participação mais do que necessária das principais organizações de luta dos explorados. É preciso organizar a resistência com a palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas!”