A imprensa golpista está em uma campanha contra o chamado “feminícidio”, ou seja, o assassinato de mulheres praticado por homens, em geral seus próprios parceiros ou ex-parceiros. Os jornais burgueses noticiam o aumento dos casos. Um exemplo disso é uma reportagem do jornal Correio Brasiliense, demonstrando que entre 2015 e março deste ano, 68 mulheres foram mortas devido ao feminicídio no Distrito Federal.
Em todos os jornais os casos são noticiados de maneira quase diária. Em primeiro lugar, é preciso destacar que o aumento da violência contra a mulher é consequência direta do avanço do golpe de Estado no país, desde 2016. Após a derrubada da primeira mulher eleita presidenta do País, a direita e a extrema-direita vem ganhando terreno político, o que influencia diretamente o comportamento daqueles setores mais atrasados da população.
Vale lembrar que o próprio presidente ilegítimo e golpista, Bolsonaro, já fez várias declarações contra as mulheres, a mais absurda foi feita contra a parlamentar petista, Maria do Rosário, Bolsonaro chegou a dizer que “ele só não a estuprava porque ela não mereceria”.
Desse modo, a ideologia reacionária, fascista e anti-popular da extrema-direita ganha força e adesão entre as camadas mais atrasadas, o que explica o aumento da violência contra as mulheres, os negros e os homossexuais.
Longe de combater de fato o “feminicídio”, a imprensa golpista utiliza este fato para fazer propaganda da necessidade de se aumentar a repressão. A direita faz demagogia com esse problema que afeta um setor muito grande e oprimido da sociedade, como é o caso das mulheres, para defender o aumento das penas, das punições, da violência estatal contra a população pobre.
A direita é acompanhada por setores da esquerda pequeno-burguesa, os quais fazem a mesma campanha. Para essa esquerda a violência contra as mulheres, contra os negros e os homossexuais seria diminuída se o Estado, que já é profundamente repressor, fosse ainda mais violento contra o povo, impondo penas mais duras e uma repressão ainda maior.
É preciso destacar ainda que, no atual momento, quem está à frente do Estado brasileiro é a extrema-direita fascista. Nesse sentido, pedir penas mais rígidas é um prato cheio para que estes setores imponham de fato uma política de perseguição e repressão em larga escala contra todo o povo, o que eles sempre defenderam.
A luta contra o chamado “feminícidio” não pode ser amparada no Estado fascista, todas as instituições estatais são controladas pela direita e pela extrema-direita, que são inimigas históricas das mulheres, dos trabalhadores e das classes mais pobres. A luta contra a violência contra a mulher deve se dar mediante a organização das próprias mulheres em defesa de seus interesses. No caso do aumento da violência, é preciso que as mulheres organizem os comitês de auto-defesa para reagir a qualquer tipo de provocação ou violência. De um modo geral, a luta contra a violência e a opressão contra a mulher passa necessariamente pela derrota da direita e da extrema-direita golpista. A derrota destes setores é um passo fundamental para uma verdadeira emancipação das mulheres.
É preciso, portanto, que as organizações operárias, os movimentos de luta das mulheres tomem à frente na luta contra o governo Bolsonaro e todo o regime golpista. A derrota de Bolsonaro, a extrema-direita e o golpe abrirá caminho para que as mulheres conquistem as suas reivindicações históricas.