O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Niterói e São Gonçalo, Isac de Oliveira, afirmou, contradizendo informações veiculadas pela própria imprensa capitalista, que a greve dos caminhoneiros não se trata de um locaute. Isto é, a greve, segundo Isac, seria um movimento autêntico dos trabalhadores que, por conta da alta no preço dos combustíveis, foram impelidos à mobilização.
Essa greve, que vem desnudando toda a ineficiência do governo golpista em dialogar com seus patrões do imperialismo, vem impondo ao país um estado de calamidade com o desabastecimento de combustíveis, alimentos e serviços ao povo.
Ironicamente, às vésperas do Golpe de 2016 deflagrado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, os caminhoneiros foram mobilizados pelos setores mais reacionários do Brasil com o intuito de paralisar as estradas. Naquele momento, a cobertura do cartel da imprensa era descaradamente favorável ao ataque perpetrado contra o governo.
Desta vez o problema é real e a situação, bastante diferente.
É fato que alguns setores patronais tentam sequestrar o movimento, influindo os caminhoneiros à direita e que, por uma situação de classes – haja vista a natureza de pequeno-proprietário dos caminhoneiros – as investidas tendem a ser bem sucedidas. No entanto, o cerne do movimento grevista, desta vez, não é uma reivindicação patronal ou ilusória, como “luta contra corrupção”. O que buscam os grevistas, em grande medida, é a retomada dos rumos da Petrobras pelo povo, com o rechaço às políticas neoliberais.
Além disso, o fato de veículos de informação burgueses levantarem a dúvida de que o movimento se trata de um locaute pode ser encarado como um robusto indício de que não o é. Até a Polícia Federal, amiga íntima dos norte-americanos e inimiga do povo brasileira, informou que investigará as denúncias da ilegítima “greve patronal”. Isso deveria bastar para que a esquerda visse com enorme desconfiança essa desqualificação.
Outro fato que corrobora o dito pelo presidente do sindicato é manobra de Michel Temer que viabilizou a entrada das Forças Armadas no imbróglio. Já foi anunciado que todas as estradas serão liberadas, com a prisão dos grevistas e apreensão dos veículos. O Ministro da Defesa anunciou que as medidas a serem tomadas serão “enérgicas”. O movimento vem inflamando inclusive outras classes correlatas – estas verdadeiramente operárias – como os petroleiros.