Diante da crise aberta com a paralisação dos caminhoneiros em todo o país, muitos estão se perguntando se esse movimento seria uma greve legítima, ou um locaute, que visa desestabilizar o governo em nome de interesses nefastos.
Antes de responder a dúvida, cabe um esclarecimento. Locaute é quando uma greve é realizada sob o comando dos patrões, parando a produção em nome de seus próprios interesses. Um exemplo clássico é a greve de caminhoneiros que foi realizada no Chile, organizada pela CIA especialmente para desestabilizar o governo de Salvador Allende, e criar as condições para a sua derrubada.
A greve, por outro lado, é uma iniciativa dos próprios trabalhadores para lutar por alguma reivindicação política ou econômica da categoria.
Diante disso, é importante falar que a greve dos caminhoneiros é contra a política imperialista. Eles estão reivindicando preços menores para os combustíveis, e essa demanda bate de frente com a política da direita de desmonte da Petrobrás e entrega do petróleo para setores estrangeiros.
É compreensível que algumas pessoas tenham um “pé atrás” com essa greve, afinal de contas os caminhoneiros são uma categoria de pequenos proprietários, portanto de maioria de ideologia direitista, que inclusive foi atuante durante o golpe de 2016, pedindo a saída de Dilma do governo.
Uma parte da direita, inclusive, está ativamente tentando sequestrar a mobilização dos caminhoneiros, levantando palavras de ordem como a da “intervenção militar”.
Mas, apesar de parte dos caminhoneiros serem aliados da burguesia, a necessidade econômica fala mais alto, obrigando o setor a lutar de conjunto contra a política direitista, que levou ao descontrole dos preços de combustíveis no Brasil.
É importante ressaltar também que essa paralisação dá condições para uma possível greve de petroleiros, uma categoria operária e muito identificada com a esquerda, e com poder real de colocar os golpistas em xeque.
Diante da situação, o governo autorizou o uso da força para desbloquear rodovias, mas ainda trata o caso com cautela, pois sabe que diante da situação caótica em que se encontra o país, uma ação violenta poderia ser desastrosa, e talvez até provocar um enfrentamento dos trabalhadores contra o governo golpista.
A imprensa burguesa diz que o problema precisaria ser resolvido o mais rápido possível, pois sabe do potencial desestabilizador de uma mobilização como essa. E, apesar de apoiarem que as reivindicações sejam atendidas de imediato, toda a imprensa golpista ainda defende a política entreguista para a Petrobrás, que, afinal de contas, foi a principal responsável por nos levar até esta situação.