A recente decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Fux, de suspender a aplicação de multa às empresas que descumprirem a tabela de frete, gerou um clima de revolta entre os caminhoneiros. Na prática, a decisão do ministro desobriga as empresas de cumprirem a tabela de frete que era uma das principais reivindicações dos caminhoneiros na grande greve que parou o Brasil em maio.
Há um setor do movimento de caminhoneiros que defende a antecipação do movimento de greve que estava sendo planejado para ocorrer em janeiro. A ideia seria parar a categoria ainda em dezembro. No entanto, representantes de entidades que apoiam o governo fraudulento de Bolsonaro adotam um discurso para tentar conter a categoria. Nélio Botelho, presidente Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado do Rio de Janeiro, diz que não há ‘clima’ para parar agora. “Estamos entre o fim de um governo e o começo de outro. “Não há ambiente agora.”
Contrariamente à ideia de que não há clima para a greve, surgem a todo momento notícias sobre caminhoneiros dispostos a cruzar os braços. Ramiro Cruz, uma das lideranças da categoria admite que há uma divisão. “Mas os tanqueiros do ABC, de SP, de Guarulhos, de Barueri, de Cubatão, do Vale do Paraíba e de Paulínia já me ligaram e colocaram à disposição para parar já no final de semana.”
A decisão do ministro do STF Luis Fux tem o claro intuito de beneficiar as grandes empresas contratantes do serviço de frete. Para essas empresas, o que importa é ter o menor custo possível para transportar suas mercadorias, não importando a vida do trabalhador e a segurança nas estradas. Muitos caminhoneiros se submetem a jornadas subumanas para de trabalho para conseguir sustentar sua família e acabam colocando a sua vida e de todos em risco.
A medida reivindicada pelos caminhoneiros coloca um mínimo no preço ofertado pelo frete, o que seria uma espécie de piso salarial da categoria instituído pelo governo. No entanto, para justificar a medida favorável às empresas Fux alegou inconstitucionalidade da medida. A constituição, que já foi rasgada e pisoteada pelo judiciário golpista inúmeras vezes pelo judiciário golpista, agora é lembrada quando se pretende beneficiar os patrões.
A situação evidencia a enorme instabilidade da situação, às vésperas da posse do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro que terá de se enfrentar com as reivindicações, inclusive, de setor entre os quais obteve algum apoio diante da campanha reacionária da imprensa golpista que buscou omitir o seu profundo vínculo com o governo golpista de Temer e com todos os partidos que dão sustentação ao atual regime nascido do golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma, para dar lugar a um governo entreguista, de ataque a todo tipo de interesses dos trabalhadores, e de defesa dos interesses do grande capital.
A categoria dos caminhoneiros só terá êxito no atendimento de suas reinvindicações se passar por cima dos líderes oficiais das associações que, em geral, foram contra as mobilizações que tentam conter o movimento grevista que pode explodir a qualquer momento.