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Ilusão

Caminhamos para uma nova eleição como a de 2002?

Tese não se baseia no mundo, na luta política em curso e na posição das classes sociais nesse momento

Diante da proximidade das próximas eleições presidenciais, que acontecerão no próximo ano, há setores que estão divulgando a ideia de que as eleições de 2022 serão como as eleições de 2002. A ideia que tem se tornado um consenso é de que Lula pode ser candidato com facilidade e ainda vencer com certa tranquilidade. A concepção não poderia ser mais falsa. No entanto, para se compreender essa situação é preciso entender mais claramente a situação política brasileira atual e a de 2002. 

O que ocorreu em 2002 não foi uma simples questão democrática, isto é, de que o PT assumiu o governo federal simplesmente por recebeu mais votos, como alguns tentam propagandear. O que aconteceu é que a chapa do petista assumiu o governo com a concordância da burguesia. 

A burguesia brasileira e o imperialismo, diante da grande crise em desenvolvimento no Brasil e na América Latina, decidiram que seria necessário a formação de um governo que servisse como uma espécie de válvula de escape da pressão social. 

Naquele período, a América Latina caminhava para uma verdadeira explosão social, resultado do fracasso da política neoliberal. Essa crise era visível em vários países. 

Na Argentina, por exemplo, ocorreu uma verdadeira insurreição popular que derrubou o governo e ficou conhecida como Argentinaço. Em dezembro de 2001, o governo neoliberal de Fernando De La Rúa decretou Estado de Sítio, que resultou em grandes manifestações contra o governo e o cenário econômico que chegava numa situação insustentável, jogando grande parte da população na miséria. 

Essa mobilização derrubou o governo e forçou Fernando De La Rua até a fugir do povo, de helicóptero, da sede do governo, tamanha a revolta popular.

Outro exemplo foi a Bolívia, país vizinho ao Brasil, onde a situação chegou também ao extremo, com uma sucessão de governos neoliberais que privatizaram o minério, as grandes indústrias e até a água. A crise foi tão grande que a mobilização das massas resultou em greve gerais, bloqueio de cidades, enfrentamento com as forças armadas, forçando o governo a renunciar. 

Gonzalo Sánches de Lozada, então presidente derrubado, precisou fugir para os Estados Unidos. Seu vice, Carlos Mesa assumiu, mas também foi derrubado. O interino que subiu ao governo ficou por pouco tempo até que nas eleições gerais de 2005 Evo Morales foi eleito pelo partido Movimento ao Socialismo. 

Quer dizer, a mobilização das massas contra o neoliberalismo e a crise política de então abriram caminho para que os governos nacionalistas burgueses chegassem ao poder. Na Argentina os Kirchner, no Brasil Lula e o PT, Hugo Chavéz na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, etc. 

A imensa crise ocasionada pela política neoliberal resultou na ascensão dos governos nacionalistas. Obviamente, a burguesia concordou com esses governos diante da crise. Isso foi o que ocorreu no Brasil, Lula ascendeu ao governo para evitar uma explosão social no Brasil. 

A burguesia considerou que seria melhor um governo petista do que uma explosão com o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). O que não estava na conta era que o PT governaria por tantos mandatos. 

Contudo, a pergunta a ser feita é se a situação atual é similar a de 2002. Quer dizer, a situação deve ser analisada da seguinte forma: A burguesia está, neste momento, disposta a abrir mão de uma série de aspectos de sua política para estabilizar a situação política no Brasil? Não há nada que indique isso. O que acontece, no entanto, é que a burguesia está exigindo do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro uma política neoliberal mais dura do que o governo vem aplicando. 

Aparentemente a burguesia não está disposta a ceder nada para o PT e povo. Para evitar que o PT chegasse novamente ao governo a burguesia foi capaz de eleger Bolsonaro e já dá sinais de que se não obtiver um candidato que possa substituir Bolsonaro, vão apoiá-lo para elegê-lo novamente. 

Há ainda a ideia de que a vitória do PT em 2002 não foi resultado de uma conjuntura política, mas de uma grande habilidade política por parte dos dirigentes do PT. Na época, o PT formou uma frente com um partido minoritário da burguesia, trata-se do Partido Liberal, que era ideologicamente um dos partidos mais neoliberais e colocou como vice um direitista, empresário de Minas Gerais, que foi grande apoiador da ditadura militar brasileira. Segundo essa tese, essa frente possibilitou a vitória do PT. No entanto, a tese não se prova real, não passa de uma ilusão. 

O candidato a vice sequer acrescentou grandes quantidades de votos para a chapa. O PT já os tinham. Na eleição que elegeu Dilma Rousseff (PT), por exemplo, embora o MDB estivesse na chapa, o que garantiu a vitória nas urnas foi o apoio das massas ao PT. 

A ideia atual de que o Brasil caminha para uma eleição como a de 2002 não tem sustentação no mundo real. Não houve alteração no quadro golpista. 

A burguesia, no entanto, manobra cuidadosamente para criar uma alternativa eleitoral viável e esse esforço demonstra que não se trata de abrir caminho para Lula. Estão tentando emplacar um candidato que seja melhor que Bolsonaro e ganhe a eleição. 

A situação de forma geral demonstra que para o conjunto da burguesia um novo governo Lula será um desastre completo. 

Neste sentido, a eleição que está por vir não será como a de 2002, mas sim de 1989, momento em que a burguesia usou todos os recursos para impedir que Lula fosse eleito, resultado que obteve naquele momento, com a eleição de Collor de Melo.

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