A Câmara dos Deputados do Paraguai rejeitou na última terça-feira (20) o julgamento de um pedido de impeachment contra o presidente golpista Mario Abdo Benitez. O pedido também foi apresentado contra o vice-presidente, Hugo Velázquez, e o ministro da Fazenda, Benigno López.
Foram 36 votos a favor do impeachment e 43 contrários.
O motivo do pedido de impeachment foi um contrato cujos termos ficaram em segredo até poucas semanas atrás, acerca de um acordo entre os governos do Paraguai e do Brasil a respeito do aumento dos gastos da parte paraguaia da usina de Itaipu, o que elevaria o preço da conta de luz para os cidadãos paraguaios, desfavorecendo completamente a parte do país vizinho.
Esse contrato gerou uma intensa crise política no Paraguai. A oposição acusou o governo por “traição à pátria”, afirmando que Abdo agiu para favorecer os interesses do governo brasileiro. Bolsonaro e Abdo são aliados estreitos, o que sinaliza fortemente o caráter de extrema-direita do presidente paraguaio.
Sendo assim, uma parte da imprensa burguesa paraguaia pediu a cabeça do vice-presidente e do ministro das Relações Exteriores, sem, no entanto, exigir a saída do governo por inteiro ou mesmo de Abdo.
Ficou claro uma certa divisão da burguesia paraguaia, mas, no final, seus setores entraram em um acordo para manter Abdo e tentar estabilizar a crise política.
A esquerda, cujo principal representante é a Frente Guazú, aproveitou para acusar o governo de ilegítimo, mas não passou dos discursos retóricos de pedido de renúncia do governo.
Não houve nenhuma movimentação para organizar atos de massa pela derrubada do governo, o que seria a única saída popular para a situação.
O Paraguai vive sob um regime golpista desde 2012, quando o presidente Fernando Lugo, da Frente Guazú, foi derrubado por um impeachment fraudulento para que os setores tradicionais da burguesia direitista voltassem ao poder e entregassem o país para o completo domínio imperialista.
Tal como tem ocorrido em outros países do continente, as eleições que aconteceram nesse período no Paraguai não adiantaram em nada para a esquerda voltar ao poder, uma vez que todo o aparato do Estado está controlado pela direita golpista.