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Câmara com maior número de mulheres é a pior inimiga das mulheres, e a Globo elogia

A Globo nos traz mais um novo capítulo desta longa novela (chata) em que ela tenta dar a impressão de normalidade a um regime de exceção, golpista até as últimas consequências: agora o objetivo é dar uma aparência “moderna e descolada”, plena de diversidade, para este que é o Congresso Nacional certamente mais fascista e retrógrado da história brasileira.

Mas como produzir este verdadeiro milagre de manipulação golpista?

Em primeiro lugar, é preciso dar uma ideia de “renovação”.

A Globo alardeia logo no título (que é tudo o que a maioria lê): “Nova Câmara dos Deputados tem o maior número de novatos” em décadas! Na reportagem, vem os números. São 47% de estreantes na Câmara, em um histórico onde sempre estivemos com no mínimo 35% de novatos. Muito bem. 12% de alteração neste índice até parece justificar a sensação de renovação na política do título, mas aí vem a famosa pegadinha da Globo, que ela reserva para os poucos que continuarão a ler a matéria: destes novíssimos deputados, mais da metade não é novato nada, ao menos na política, apenas vieram de outros cargos. São ex-prefeitos, vereadores, deputados estaduais, senadores, governadores, enfim, todo um grupo de velhos políticos eleitorais de carreira. Nem tão “novatos” assim, poderíamos dizer.

Em segundo lugar, apela-se para as velhas demagogias “identitárias”.

Ora, as assim chamadas “pautas identitárias”, afinal de contas, foram criadas pela própria burguesia exatamente para a eventual necessidade de fazer demagogia e pintar de cor-de-rosa qualquer situação feia demais para ser aceita pelo povo.

Mais uma vez, a demagogia vem bem no título da matéria: “… o maior número de mulheres em três décadas”.

Ao que parece, ninguém ficou sabendo mas aconteceu alguma revolução feminina e finalmente entramos naquele mundo ideal em que as mulheres emanciparam-se, mesmo ainda soterradas pela dupla exploração do capitalismo. Não resta dúvida que o empoderamento feminino realizou algum passe de uma mágica magistral.

Mas, aqui novamente, lá na parte do texto – que muito pouca gente lê – vemos a sombria realidade.

O número de mulheres da Câmara continua irrisório e, em verdade, responde bastante bem à situação da mulher na sociedade de exploração brasileira: somente 15% da bancada é composta por deputadas.

“Um recorde!”, ainda chega a afirmar, cinicamente, a reportagem dos Marinho. E isto com a lei eleitoral obrigando um mínimo de 30% de candidatas, como ainda “lembra” a mesma reportagem, tentando salvar alguma credibilidade para a sua descarada peça publicitária com ares de imprensa “neutra”.

Por fim, seguindo a mesma linha demagógica, o golpismo da alta burguesia segue tentando convencer que vivemos uma democracia plena de diversidade, respeitosa de jovens e velhos, e com algum acesso do cidadão comum.

Nem Goebbels faria melhor!

A VERDADEIRA CÂMARA DOS DEPUTADOS: UMA REALIDADE SOMBRIA

Mas o mais interessante é que a própria Goebbels.com (opa: Globo.com) traz um link – que certamente menos de 5% dos leitores irão acessar – que nos leva a uma outra reportagem, propositalmente cheia de sublinks, em que somente os leitores bastante meticulosos e pacientes verão alguma coisa próxima à realidade desta Câmara, até então tão “diversa” e “renovada”.

E a realidade é muito diferente do ar vanguardista que a Globo quis passar.

Para poupar tempo dos nossos leitores, aqui vão alguns números.

– Somente 29% dos deputados são favoráveis a abolir o teto de gastos de saúde e educação que, se mantido, certamente acabará com o pouco que resta destes serviços públicos;

– Apenas 18% são contrários às privatizações;

– São 16% os contrários à idade mínima para aposentadoria;

– 22% são os contrários à redução da maioridade penal;

– 10%, os favoráveis à legalização da maconha;

– 12%, os favoráveis ao aborto;

– Mais de 37% querem criminalizar como terrorismo os atos de apropriação de terras de movimentos pela reforma agrária;

– E somente 33% são contrários à cobrança de mensalidades no ensino público superior;

Em uma Câmara onde o número de deputados favoráveis ao aborto é menor até mesmo do que a bancada feminina; somente 10% concordam com a descriminalização da maconha; um terço quer cobrar pelo ensino superior público; e 37% acham que movimentos sociais como o MST são terroristas, à parte o mundo “cor-de-rosa” pintado com muito esforço pela Globo, não restam muitos argumentos para alardear qualquer avanço ou renovação, quanto mais ainda, alguma diversidade, ou até mesmo, uma mínima atenção às “pautas identitárias”, no Congresso.

Sem novidades, o parlamento brasileiro apenas representa a total fraude que foram as eleições de 2018. Eleições de cabresto, onde o Estado brasileiro foi uma vez mais forçado pelo golpe para posições ainda mais direitistas e totalmente contrárias aos interesses do povo.

São a prova final de que até mesmo a fina maquiagem democrática já não existe mais.

Ou alguém poderia acreditar que a maioria do povo brasileiro é contra educação, saúde, aposentadoria e reforma agrária?

Não. Além das lentes coloridas da Globo, todo mundo sabe que ninguém votou para perder direitos.

O Congresso é golpista e, como sempre, eleito pela força de grandes capitalistas, mas agora em uma fraude ainda mais intensa, somente atende aos interesses de uma minúscula minoria: a burguesia nacional e imperialista. É um Congresso totalmente desfavorável à ampla maioria de nosso povo, totalmente dissociado da vontade real da classe operária. Em suma: golpista, retrógrado e completamente voltado aos interesses da burguesia.

É preciso acabar com este Estado golpista.

É preciso unificar o povo, movimentos de luta, sindicatos, a esquerda em geral, para derrubar o golpismo fascista que está não só no Congresso, mas no Executivo e no Judiciário, e conquistar uma Assembleia Constituinte, soberana, popular e operária, único caminho para um país realmente democrático, onde o Estado finalmente esteja de fato voltado a atender os interesses do povo brasileiro e venha a colocar um fim nesta história de perda sistemática e quase diária de direitos.

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