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Cavalo de Tróia na esquerda

Caetano Veloso, leitor de Losurdo, eleitor de Ciro Gomes

Declaração de Caetano coloca às claras qual é seu papel na esquerda: a defesa da política de frente ampla com os golpistas

A mensagem de ano novo do compositor Caetano Veloso foi bem peculiar. Um elogio a Ciro Gomes e ao banqueiro André Lara Resende, que participaram de uma “live”.

Em sua conta oficial no Instagram, Caetano afirmou: “Li o livro de Ciro e logo disse que votaria nele em 2022. Vendo o vídeo, fiquei mais certo disso. De todo modo, vote em quem votar, veja como André e Ciro ensinam sobre o Brasil, sua história, seu presente e seu futuro. Agora, sim: feliz 2021”.

Não é novidade, como ele mesmo afirma, seu apoio a Ciro Gomes. Nas eleições de 2018, Caetano declarou voto em Ciro no primeiro turno.

Caetano tem sido um importante articulador do setor da esquerda que defende a frente ampla. Ele é, como o próprio Ciro Gomes, um direitista que se apresenta como esquerdista para introduzir na esquerda a política da direita, nesse caso, especificamente a aliança com a direita golpista. Para convencer a esquerda sobre determinadas políticas, nada melhor do que alguém que se apresente como de esquerda.

Caetano deixou de lado um pouco sua atividade de compositor para se dedicar à formação do bloco da frente ampla. Desde o processo de preparação das eleições de 2018, tem recebido no apartamento de sua ex-mulher, a atriz Paula Lavigne, atores globais, nomes da esquerda como Boulos e Freixo, representantes da Lava Jato. Era um nítido esforço de união entre setores da esquerda pequeno-burguesa e golpistas.

Além de cirista assumido, Caetano também tem presença marcada na Mídia Ninja, órgão de imprensa da esquerda que organizou as campanhas de Boulos de 2028 e 2020.

Mas a relação de Caetano com Boulos foi além. O compositor organizou um manifesto de artistas e intelectuais para apoiar Guilherme Boulos ainda no primeiro turno das eleições municipais, juntando inclusive petistas tradicionais. A iniciativa foi uma das mais importantes no sentido de isolar a candidatura do PT na capital paulista, o que se confirmou com o desenvolvimento da situação, ser essa o objetivo da candidatura Boulos com a propaganda que a imprensa golpista fez de sua candidatura.

O compositor esteve também em atos públicos defendendo o juiz golpista Marcelo Bretas, conhecido como o Moro carioca.

Com essa prévia pretendemos mostrar que Caetano Veloso tem um papel ativo nas articulações, no meio da esquerda, da política de frente ampla. Suas ligações com a esquerda estão todas diretamente ligadas a isso: Guilherme Boulos, Marcelo Freixo e Manuela D’Ávila são alguns dos políticos esquerdistas que Caetano adotou e sempre que tem a oportunidade, elogia. Sem deixar, logicamente, seu verdadeiro candidato, o direitista Ciro Gomes.

Caetano, o “liberalóide” leitor de Losurdo

Foi em seu programa de entrevista na Mídia Ninja que Caetano recebeu o youtuber Jones Manoel, dedicado a defender as ideias do escritor stalinista italiano Domenico Losurdo.

A partir daí, Caetano rasgou elogios a Jones Manoel e foi ali que ele afirma ter sido “apresentado às ideias de Losurdo”. Então, em entrevista para o programa de Pedro Bial, da rede Globo, Caetano aproveitou para promover ambos: Manoel e Losurdo. O compositor afirmou que teria ficado “menos liberalóide” ao ter contato com o escritor italiano.

Aqui vale um parênteses: Caetano não disso que deixou de ser liberal muito menos que teria se tornado socialista. É importante ressaltar esse fato pois reforça o que dissemos acima. Trata-se da presença de um elemento da direita, não de um esquerdista.

A esquerda, que está condicionada a interpretar as coisas apenas da maneira que lhe convém, passou a dizer que a declaração de Caetano mostrava que ele teria se tornado um esquerdista, um socialista, e que divulgar Losurdo seria uma vitória. Passados alguns meses, fica claro que não há nenhuma base real para tal interpretação, Caetano continua o mesmo direitista, apoiador de Ciro, e o mundo não se tornou mais socialista com a divulgação do escritor stalinista.

Tudo não passava, como já era óbvio, de uma jogada de propaganda promovida pelos defensores da frente ampla. Por um lado promover um pseudo esquerdismo de Caetano e por outro promover uma espécie de ala esquerda da frente ampla, constituída por setores stalinistas como o PCB de Jones Manoel.

Prova disso é que todos eles estavam juntos na campanha de Guilherme Boulos em São Paulo. Conforme explicamos, a candidatura de Boulos serviu como laboratório da frente ampla, um candidato da esquerda, sem apoio real nas massas, que serviu para isolar o PT e favorecer a vitória da direita.

Não restam dúvidas sobre o papel de Caetano Veloso. Trata-se de uma manobra para colocar a esquerda a reboque da direita. Ciro Gomes se apresenta como a alternativa possível a Lula e o PT, tal é seu esforço desde o início como político burguês. O próprio Rodrigo Maia, em entrevista para a Folha de S. Paulo, declarou que Ciro está entre os possíveis nomes do bloco golpista – lê-se frente ampla – para 2022.

Como fez nas eleições municipais, a esquerda frenteamplista pretende colocar a popularidade de Lula a reboque de uma candidatura direitista. Para fazer isso, é preciso em primeiro lugar isolar o PT, em particular sua ala lulista, e tirar o ex-presidente das eleições de 2022.

Eis é o objetivo final dessa manobra e eis o papel de Ciro como político e de Caetano Veloso como “leitor de Losurdo”. A política não foi feita para amadores e ingênuos.

Nem é preciso dizer que, em meio a articulações, elogios e muita propaganda, Caetano Veloso evita com todas as forças se vincular a Lula. O “esquerdista” Caetano que faz comício para Manuela e Boulos, que se reúne com Freixo, que declara voto em Ciro e promove Jones Manoel e Losurdo não tem a mesma disposição quando o assunto é a defesa dos direitos do ex-presidente.

É por isso que é tarefa central da luta contra os golpistas desmascarar a esquerda cavalo de Tróia e o objetivo da frente ampla. É preciso que a esquerda adote um caminho independente, que passa não pela aliança com golpista como Ciro Gomes, Maia, FHC, Doria ou Covas, mas pela defesa dos direitos políticos de Lula e por sua candidatura como forma de colocar em xeque o regime político golpista de conjunto.

É preciso derrotar Bolsonaro e todos os golpistas e colocar nas ruas a palavra de ordem de Lula presidente. Se a esquerda realmente quer derrotar o golpe, é esse o caminho.

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