No último sábado, dia 21 de setembro, ocorreu o segundo encontro nacional Lula Livre, um encontro planejado para ser um encontro de cúpula, com representantes de entidades e dos chamados comitês Estaduais Lula Livre. Por conta das cotas estabelecidas para o encontro, apenas 3 ou 4 pessoas por entidade nacional, ou comitê, o encontro era para ser um encontro afastado das bases que clamam por Lula livre.
Mas o que se processou ali foi bem diferente disso. Foi uma demonstração do verdadeiro cabo de guerra está atravancando a luta pela liberdade de Lula.
O PCO (Partido da Causa Operária) organizou uma ampla convocação do Encontro, levando dezenas de companheiros e indiretamente mobilizando outras dezenas de militantes de outras organizações que compareceram à reunião de um dia, que contava com por volta de 200 pessoas.
Isso criou um encontro contrastante, por um lado uma política, clara e definida de desmoralização da luta por Lula livre, e por outro, o calor, espontaneidade das bases dos partidos de esquerda, mais notavelmente PCO e PT (Partido dos Trabalhadores).
Falemos um pouco no que consistia a política de desmoralização da luta. Em primeiro lugar o local do encontro: O famigerado sindicato dos metalúrgicos de São Paulo.
Este sindicato é um inimigo jurado dos trabalhadores, controlado pela Força Sindical e por Paulinho da Força, é um dos símbolos do peleguismo sindical brasileiro. Mas isso não era o mais espantoso de tudo.
A discussão central era levada no salão batizado de “Paulo Pereira da Silva” (Paulinho da Força), uma homenagem ao líder da Força Sindical, apoiador do impeachment. Paulinho foi um dos mais enfáticos golpistas, sendo ele mesmo um dos deputados votantes pela derrubada de Dilma. A cena era trágica, discutiasse o que fazer para Lula libertar sob o letreiro “Auditório Paulo Pereira da Silva” escrito em letras garrafais metálicas.
Outro ponto que vale a pena ser comentado é a presença do ex-PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) e também apoiador do golpe, Valério Arcary. Como dirigente do finado MAIS (Movimento Alternativa Independente Socialista, racha do PSTU) ele disse que ficaria feliz em ver Lula sendo julgado pelo que ele chama de um “Tribunal popular”, ou seja, condenado, mas não pela Lava Jato. Os interessados podem consultar esta matéria, de 26 de setembro de 2016, do Acervo deste Diário, clicando aqui.
Como se não bastasse a presença de um defensor da condenação de Lula, no auditório de um golpista, o Encontro ainda tinha outro fator da mais pura sabotagem da luta pela liberdade de Lula, a exclusão do PCO, que acaba de realizar o único ato nacional pela liberdade de Lula este ano, da mesa e da convocação do encontro. Isso mesmo, caro leitor, um ex-PSTU pode se sentar à mesa, mas não o partido que defende o presidente Lula. Mais ainda, omitiram o PCO da convocatória do ato, sendo ele um dos quatro partidos que compõem a frente por Lula Livre.
Por quê fizeram tudo isso? O leitor pode estar se indagando agora. A resposta é simples, existe um esforço ativo, uma política coordenada, para desmoralizar a luta por Lula Livre, que puxa a corda da mobilização para a direita. Afinal, esquecer de colocar o PCO na convocação, pode ser um acidente, chamar Valério Arcary poderia ser ingenuidade, mas tudo isso que foi citado acima, não é acidental, é proposital.
O que deu ao encontro um alento foram os militantes, críticos, impacientes e mais importante, combativos, eles propuseram atos, mobilizações, a base puxa para a esquerda, resta saber quem ganhará o cabo de guerra.