Os casos de crimes relacionados à “intolerância”, seja racial, religiosa ou de gênero, crescem em todo o país. Nos meses de junho a novembro de 2018 registrou-se três vezes mais casos em comparação com o primeiro semestre do mesmo ano, de uma média de 5 para 15 episódios registrados por dia. O mês mais violento em relação a “crimes de intolerância” foi o de outubro, que registrou 568 boletins de ocorrência, e que coincide, não por acaso, com o período eleitoral, quando grupos fascistas atacaram em dezenas de oportunidades (comprovadas) qualquer pessoa que, para eles, representasse a esquerda.
A imprensa golpista, como a Folha de S. Paulo, que divulgou esses dados, o fez em tom de alarme e condenação. Pura desfaçatez. O crescimento e a organização da extrema-direita, que é a razão do aumento da intolerância contra os setores oprimidos da sociedade, é obra dos partidos tradicionais da burguesia e principalmente dos monopólios da imprensa capitalista, golpista, tal como a própria Folha.
A perseguição e a calúnia constantes contra a esquerda, o crescente apelo ao obscurantismo, a ideias bárbaras, retrógradas e preconceituosas, conservadoras, a normalização e glorificação de ideias nefastas de pseudo-intelectuais pretensamente liberais, comprados pelos capitalistas, também contribuíram para a formação um clima fascistóide, que se estende ainda agora.
O impulso fundamental para o fortalecimento da extrema-direita no Brasil, e sua consequente subida ao poder, foi dado pela direita tradicional especialmente por meio dos monopólios de comunicação, principalmente os grandes jornais burgueses, como Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo etc., para enfrentar e enfraquecer, colocar na defensiva as organizações dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude e toda a esquerda. O crescimento da extrema-direita fascista é, contudo, um dos polos pelos quais se expressa a polarização política, o outro naturalmente é a radicalização progressiva das massas contra o conjunto do regime burguês.
Diante da desestabilização do regime político resultante do golpe de Estado efetivado com a derrubada do governo Dilma, legitimamente eleito, e da consequente polarização política, do deslocamento das massas populares para a esquerda, a burguesia viu o “centro” político, ou seja, seus partidos tradicionais, entrarem em colapso. Na tentativa de consolidar o golpe de Estado contra as massas, que se deslocavam a esquerda, a burguesia, de conjunto passou a apoiar e organizar abertamente a extrema-direita e seus métodos fascistas, para sufocar pela violência essa tendência das massas.
Não são apenas divulgadores de uma ideologia difusa, mas organizadores da extrema-direita, quando necessário a imprensa capitalista soltou os cachorros fascistas contra o povo, em particular na eleição fraudada, resultando inclusive em mortes. Porém, mesmo com a eleição fraudada não se desfez a polarização, e a burguesia necessita estabilizar o regime, de colher os louros do golpe. Por isso bradam contra a intolerância e violência que eles mesmos provocaram temendo que a reação popular ao fascismo torne o resultado de seu esforço golpista em nada.
Querem por a focinheira novamente nos fascistas para poder impedir também o povo de lutar contra a opressão e o golpe. Mas, logicamente, a censura aos fascistas não é completa, serve apenas para conter os seus ânimos exaltados contra o regime tradicional e, principalmente, como desculpa para perseguir e anular o movimento operário, que tem um potencial inclusive revolucionário na medida em que as contradições e a polarização política aumentam.