“Brasil ladeira abaixo”, assim podemos definir a expectativa de crescimento da economia do País, por parte do mercado financeiro, para os próximos anos.
Apenas nesse ano, que sequer chegou à sua metade, pela 15ª vez consecutiva o mercado reduziu as expectativas de crescimento. Em 04 de janeiro, o boletim de mercado divulgado pelo Banco Central, também conhecido como Focus, apontava, segundo estimativas dos economistas do mercado financeiro, uma projeção de crescimento da ordem de 2,53% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na última segunda, 10/06, a estimativa ficou abaixo de 1% para 2019.
A quebra da barreira de crescimento menor que 1% acentuou o desânimo do mercado para os anos seguintes , inclusive com o sentimento generalizado de que o governo Bolsonaro será marcado pela mediocridade econômica.
O alarme para a burguesia soou, porque mais do que a quebra de uma barreira simbólica, as previsões para 2019 já estão abaixo do pífio crescimento de 2017 e 2018, ambos em 1,1% do PIB. Duas situações, segundo o mercado, aprofundam o temor de uma desbarrancada total da economia. A primeira, é a contaminação das expectativas de crescimento para 2020, que caiu para 2,23%, depois de 6 semanas estável em 2,50%. A segunda, mais grave ainda, é a retração da atividade industrial que despencou de 1,49% do PIB para 0,47% em uma queda continuada, por 20 semanas consecutivas.
Um segundo dado divulgado no relatório e que aparentemente seria positivo para o governo, a inflação sob controle, também é vista pelos analistas com muita desconfiança.
A inflação estimada para 2019 é de 3,89%, para o próximo ano, 4% e em 2021 e 2022, 3,75%. O problema é que essa estimativa está atrelada à aprovação da Reforma da Previdência e, mesmo que o governo consiga, os analistas do mercado já consideram que ela não será suficiente para a manutenção do equilíbrio fiscal, particularmente em um quadro de deterioração econômica crescente.
Não precisa ser nenhum expert em economia para entender que, se a burguesia considera o quadro desolador, o buraco na verdade está muito mais embaixo. Primeiro, a queda constante e abrupta do crescimento industrial aponta para o aumento do desemprego, que por sua vez vai atingir em cheio os demais ramos da economia. Não seria nenhuma conjectura fantasiosa afirmar que o quadro mais provável para 2019 é mesmo de crescimento negativo e, mais alarmante ainda, é que a depender do impasse e da incapacidade do governo em aprovar a Reforma da Previdência e outras medidas medidas econômicas, a situação evolua para uma escalada inflacionária.
É patente que o avanço da crise econômica mundial aliada à política consciente de destruição da economia nacional, com o propósito de favorecer o golpe de Estado no Brasil, estão mostrando os seus resultados devastadores.
A questão central colocada para o próximo período é a capacidade de reação da classe operaria brasileira, bem como do conjunto dos trabalhadores. Todos os indícios apontam no sentido positivo.
As grandes manifestações dos dias 15 e 30 de maio apontaram uma mudança qualitativa na situação política e são a expressão do aumento da polarização política que vem numa crescendo desde o golpe de Estado de 2016.
Ao que tudo indica, depois da greve geral do próximo dia 14, a burguesia e seus analistas financeiros terão muito mais motivo para aumentar os seus temores.