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A burguesia e Bolsonaro

Burguesia tenta ressuscitar os defuntos do PSDB

A tentativa de ressuscitar os defuntos políticos do PSDB está inserida na campanha por emplacar um candidato mais controlável para derrotar o PT em 2022.

As contradições entre Bolsonaro e os setores mais importantes da burguesia são muito mal compreendidas por grande parte da esquerda nacional. É importante entender esse problema para poder analisar com clareza a operação política que está em curso nesse momento. Obviamente, não se trata de nada do tipo “democracia” contra “fascismo” ou “civilidade” contra “violência”. Essas diferenciações artificiais fazem parte da campanha atual da burguesia.

Em primeiro lugar, é necessário destacar que Bolsonaro foi escolhido como “plano B” nas eleições de 2018. A polarização política, consequência do golpe de 2016 e da reação popular a ele, pulverizou o PSDB e toda a direita tradicional. A tentativa de emplacar um candidato mais controlável teve como resultado a ridícula votação obtida por Geraldo Alckmin no primeiro turno e o apoio, mesmo que dissimulado, à candidatura do falastrão Bolsonaro.

Um problema central para a burguesia é que Bolsonaro tem apoio da burocracia militar e de uma base militante de extrema-direita. Esses apoios têm influência sobre a sua política, pois precisa usar o poder do cargo que ocupa para responder a esses setores. Não é segredo para ninguém que o alto escalão das Forças Armadas ganhou diversos cargos no governo, o que envolve dinheiro e poder político. E, por outro lado, precisa fazer demagogia com a militância de extrema-direita, o que estimula a polarização política e com isso a reação da esquerda. Vale apontar que os setores da burguesia que apoiam abertamente seu governo fazem parte do baixo escalão dessa classe social, empresários menores, que não representam, de fato, sua classe.

A tentativa de ressuscitar a tucanada

Diversos episódios recentes deixam escancarada a tentativa de reabilitar politicamente figuras que a população rejeita energicamente. A morte de Bruno Covas, por exemplo, serviu de pretexto para uma campanha ilusionista, onde o tucano seria um exemplo de civilidade e renovação política no país. Quem conhece a sua obra, sabe que sua atuação não teve absolutamente nada de civilidade, nem representou nenhuma renovação. A perseguição desumana à população sem teto, inclusive durante a pandemia, é apenas um dos pilares da política tucana na cidade de São Paulo que foi sustentado com entusiasmo pelo ex-prefeito.

Geraldo Alckmin é um caso complicado, até quando as manobras da burguesia conseguiam impor sua eleição, a absoluta falta de carisma lhe rendeu o apelido no estado de São Paulo de “picolé de chuchu”. A violência com a qual reprimiu greves e manifestações, além da sua associação à seita católica ultraconservadora Opus Dei, contribuem para dificultar sua reabilitação. João Dória, outra figura associada a uma “renovação” dentro do PSDB, apostou em uma espécie de demagogia cientificista durante a pandemia de Covid e teve enorme apoio dos monopólios da imprensa. A desmoralização da estratégia da quarentena, que nunca envolveu a maioria da população, e a paralisação da produção e vacinação com a CoronaVac, com a qual vinha tentando se autopromover, atrapalham os planos do atual governador de São Paulo.

A bola da vez da campanha para tentar ressuscitar os defuntos políticos do PSDB é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC destruiu uma parte gigantesca do parque industrial nacional no final do século XX e vem encabeçando uma tentativa de mostrar seu partido como um representante “democrático” da direita. O recente encontro que teve com Lula foi imensamente explorado pela imprensa burguesa. Associar um cadáver político ao lado do líder mais popular do país faz parte das movimentações mais atuais da burguesia, assim como a campanha de desgaste de Bolsonaro através da CPI. Vale registrar que outro tucano possível nessa manobra é o oligarca Ciro Gomes, que viveu grande parte da sua carreira política no PSDB e nos últimos anos procura se travestir de esquerdista para disputar votos petistas.

Como termina essa história

A tentativa de criar uma terceira via, mais controlável e estável, pela burguesia tem prazo de validade. É possível que a campanha siga a pleno vapor por mais alguns meses, porém não pode avançar demais em direção às eleições de 2022. Se a tentativa der certo, vão impulsionar com todas as forças o candidato “democrático” da direita, se não der, vão de Bolsonaro de novo e deixarão a campanha de desgaste arrefecer rapidamente.

Em qualquer caso, a tradicional campanha antipetista ganhará um novo capítulo nos monopólios da imprensa. A perseguição judicial a Lula e ao PT será retomada com toda a intensidade. Ao invés das “fake news” dos bolsonaristas, a poderosa máquina da imprensa burguesa vai bombardear a população com mentiras numa intensidade que só esses monopólios são capazes. A burguesia já deixou claro que não aceita Lula e o PT novamente, pois a militância petista é um fator que influencia a política do partido e a crise atual exige um nível de ataques à população que o PT não tem condições de praticar.

É preciso denunciar que a direita tradicional é tão fascista quanto Bolsonaro e que reabilitar o decadente PSDB é fortalecer um perigoso inimigo do povo brasileiro e, consequentemente, da esquerda. A única aliança que importa é com o povo e suas organizações.

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