As eleições municipais de 2020 terão ainda mais presença de órgãos de censura do que as últimas. Com o aprofundamento do golpe de Estado, foi-se avançando um maior controle do Estado sobre os partidos políticos e, claro, sobre a participação destes nas eleições. Depois de uma imensa campanha da burguesia sobre as “Fake news” na internet, o que vemos é um avanço na censura política nas redes durante as eleições. O maior prejudicado dessa campanha é sem dúvidas a esquerda, e o maior beneficiário é a direita, que controla, afinal de contas, o aparato estatal.
A novidade da vez é que os candidatos devem registrar seus perfis eleitorais pelo órgão totalmente antidemocrático Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O que é uma verdadeira aberração política. Você só poderia se manifestar como candidato se a instituição do Estado que mais censura a esquerda, que mais prejudica a campanha eleitoral dos partidos de oposição à direita, ao golpe, ao fascismo, se esse órgão fascista autorizar. Do resto, é a ceifa da censura. Sem contar diversas regularizações totalmente ditatoriais para prejudicar essa “autorização”, isto é, para barrar as candidaturas de esquerda.
Outra aberração ditatorial que segue a “autorização” do TSE e seu aparato de censura é a proibição da crítica política. Nessa eleição, o candidato que se colocar criticamente contra outro (principalmente se esse outro for da direita golpista) sem autorização prévia será censurado. É um absurdo. Se você chamar um golpista de golpista, será censurado. Isso já era evidente em outras eleições, o próprio Partido da Causa Operária foi censurado em períodos pré-golpe de Estado, o que já demonstrava o teor antidemocrático dessas instituições, contra qualquer crítica apresentada às suas instituições e às da burguesia como um todo que já apresentava suas garras de golpismo, de avanço de uma ditadura sobre os partidos de esquerda e sobre toda a população.
O escancaramento dessa censura mostra que essas eleições não passam de mera formalidade para o País continuar sendo arrasado pela direita golpista e arrastado para uma ditadura cada vez mais nítida e fechada. Essa intervenção do Estado controlado pela direita sobre as eleições, reduzindo-as a uma mera disputa administrativa e reduzindo seu caráter político, é continuação clara de um golpe de Estado que segue avançando, por uma defensiva e capitulação cada vez mais expressiva da esquerda do regime político e uma ofensiva da direita, que impõe sua política reacionária sobre o País.
A única perspectiva que a esquerda tinha se fechou. As eleições serão, nessa altura do campeonato, uma farsa total, uma formalidade na qual quem será o verdadeiro eleitor será o Estado burguês que caminha a passos largos a um regime fascista. Os candidatos “regularizados” e que poderão financiar sua campanha sem grandes multas e interdições do Estado serão, sem dúvidas, os candidatos alinhados ao regime político golpista. E o que será visto é um “debate” administrativo e o lenga-lenga de “asfaltar aqui” e “vou fazer isso daí”, que não passa de uma despolitização. Não haverá política nas eleições. É necessário fazer uma campanha por uma ampla mobilização, por Fora Bolsonaro, para derrubar o governo genocida e, nas próprias eleições, pressionar pelo debate político, além de exigir o fim da ditadura do TSE.