As recentes decisões do STF sobre o caso Lula, que o tornaram novamente elegível e potencial candidato nas eleições presidenciais de 2022, estão longe de representar uma completa vitória da esquerda contra o golpe de Estado. As manobras feitas pela burguesia golpista na realidade são mais uma demonstração da necessidade de mobilizar toda população para garantir a candidatura de Lula em 2022.
Ficou claro, sobretudo após o golpe de 2016, que o Supremo Tribunal Federal julga de acordo com seus objetivos políticos, que na prática são os objetivos do principal setor da burguesia brasileira. A lei é utilizada como ferramenta de manobra para justificar a perseguição política e a tomada de decisões antidemocráticas contra toda a população.
A recente votação envolvendo Lula, por mais que devolva seus direitos democráticos, demonstra novamente esta operação em marcha. Não foi julgada a suspeição de Moro, mas a incompetência da Justiça do Paraná para julgar o caso. A ação busca na realidade não inocentar Lula, mas sim o próprio Moro. Colocando-o como incompetente para lidar com os processos de Lula, sua suspeição pode ser tirada de cena, preservando assim o ex-juiz e toda operação Lava Jato.
O STF, após cinco anos sem atender nenhum pedido da defesa de Lula a respeito dos processos, decidiu anula-los com base em um cálculo político. Porém, a não condenação de Moro por crime de parcialidade no julgamento, faz com que as supostas provas possam ser usadas em outro fórum, onde o julgamento seria refeito e a perseguição contra Lula seria continuada, e assim o ex-presidente poderia vir a perder novamente os direitos políticos.
Uma eventual condenação de Moro por parcialidade no caso, implicaria obrigatoriamente na anulação total de todos os processos contra o ex-presidente Lula, tornando oficial que o ex-presidente foi vítima de perseguição política e fraude. Tal medida desestabilizaria ainda mais o regime político, deslegitimando totalmente a operação golpista da Lava Jato, um dos principais instrumentos do golpe de Estado.
Demonstrando a confusão que se criou no interior da esquerda pequeno-burguesa em meio às decisões do STF, advogados de Lula declararam que havia sido “restabelecida a democracia no Brasil”. Refletindo a mesma ilusão, outras organizações da esquerda passaram a comemorar a decisão como uma grande vitória da democracia, o que é uma ilusão. O STF foi um dos principais avalistas do golpe de Estado, do aprofundamento da ditadura e da prisão do próprio Lula. A decisão da semana anterior está muito longe de se rum milagre político.
Na realidade, a burguesia prepara uma nova fraude em 2022 contra Lula e todo o povo brasileiro. Não há garantias de que os direitos políticos de Lula serão mantidos, pelo contrário, a imprensa burguesa chama o “lulopetismo” de “câncer político”, revelando sua total aversão a uma eventual eleição com Lula candidato.
Por isso, o principal e único meio de garantir que os direitos democráticos de Lula sejam preservados e que o golpe de Estado seja derrotado é por meio da mobilização política nas ruas. Apenas os trabalhadores em movimento, nas ruas de todo o país poderão ser capazes de confrontar diretamente a burguesia golpista. Dessa maneira, torna-se ainda mais importante que o 1º de maio seja um marco no impulsionamento de uma verdadeira mobilização popular.
A esquerda novamente pretende fazer um ato virtual com os golpistas. Contudo, a necessidade é de colocar o povo nas ruas, não em uma frente com os golpistas, mas sim com os trabalhadores. Sendo assim, o PCO realizará um ato nacional de 1º de maio na Avenida Paulista, em São Paulo, buscando concentrar milhares de pessoas contra os golpistas e por Lula candidato.
É fundamental a presença de todas as organizações neste ato nacional, formando uma frente de luta por Fora Bolsonaro e Lula presidente.
