Na última quarta-feira (6), o Capitólio, prédio do Congresso dos Estados Unidos, foi invadido contra a nomeação de Joe Biden (Partido Democrata) para presidente da república. Foi a notícia do dia no mundo todo e fez com que as bolsas de valores, como Nasdaq (EUA) e Ibovespa (Brasil) fechassem em queda. Bem como, que a imprensa capitalista e políticos democratas e republicanos, reagissem de forma histérica. Eles repudiaram a ocupação e classificaram os manifestantes, apoiadores de Donald Trump (Partido Republicano), como vândalos, bandidos e mesmo terroristas. É um sinal do medo da burguesia, de que os protestos se espalhem e se transformem em rebeliões por todo o País, o que abalaria profundamente o imperialismo norte-americano.
A burguesia ficou de “cabelo em pé” com a invasão. Os analistas ficaram se perguntando o que está acontecendo com a democracia americana, pois nunca viram nada igual. Um exemplo desta enorme preocupação se deu na cobertura apresentada pelo principal veículo que representa a burguesia imperialista norte-americana no Brasil, a Rede Globo de Televisão, através do Jornal Nacional.
O maior telejornal do País foi iniciado na noite de quarta da seguinte forma:
Renata Vasconcellos: “Boa noite!”
William Bonner: “Boa noite!”
Renata Vasconcellos: “Atentado contra a democracia americana!”
William Bonner: “Incentivados pelo presidente Donald Trump, apoiadores dele invadem o Congresso dos Estados Unidos.”
Renata Vasconcellos: “E interrompem a oficialização da vitória de Joe Biden, na eleição presidencial de novembro.”
William Bonner: “Nos corredores do capitólio, as milícias promovem atos de vandalismo e enfrentam policiais.”
Renata Vasconcellos: “O presidente eleito, Joe Biden, diz que os extremistas não representam o país e pede a Trump que conclame os invasores a deixar o Congresso.”
William Bonner: “E o presidente que incitou a multidão diz que é hora dos manifestantes voltarem para casa.”
O Jornal Nacional, o mais importante da Globo – que foi o principal instrumento de propaganda a favor do golpe de Estado de 2016 no Brasil, apoiando a derrubada da presidenta Dilma (PT) e em seguida a fraude eleitoral de 2018, com a condenação, prisão e cassação de Lula e a eleição de Bolsonaro – agora é “defensor da democracia” nos EUA! Por que quem não defende a “democracia” no próprio país, vai defender a “democracia” no país dos outros?
É uma farsa, que fica clara na cobertura completa feita na edição do telejornal, que reforça a posição de que a eleição de Biden seria sagrada. Logo, que a postura dos apoiadores de Trump, em questionar a eleição norte-americana, invadindo o Congresso, é um crime contra a democracia.
Na verdade, o que o monopólio da imprensa capitalista, golpista, está fazendo – reproduzindo a posição da imprensa imperialista norte-americana – é defender como “democracia norte-americana” a fraude eleitoral que levou Joe Biden (Partido Democrata) à vitória.
Biden que tem décadas de vida pública, baseada única e exclusivamente em atacar o povo norte-americano e o povo em todo o mundo, como se viu em invasões militares e golpes de Estado que os EUA promoveram, organizaram e realizaram em todo o globo terrestre, especialmente nos governos de Barack Obama – do qual Biden foi vice-presidente e o principal articulador político – e que incluem os golpes de Estado na América latina, como o do próprio Brasil.
Outro aspecto importante para compreender o que está em disputa é a posição dos políticos, tanto democratas quanto republicanos, que evidencia o quanto a burguesia imperialista ficou muito assustada com o ocorrido.
Em entrevista à repórter da Globo, o republicano Tim Burchett, do Tenessee, disse: “Essa não é uma boa situação. O presidente tem que liderar e dizer para todos se acalmarem e irem para casa. Estamos parecendo uma república de bananas.”
O democrata Lou Correa, da Califórnia, na mesma linha, afirmou: “O que o presidente fez hoje foi atuar como um ditador, incitando as pessoas a invadirem o Congresso e a tentarem acabar com o processo democrático, escolhendo outro presidente. Claramente ele não sabe o que é lei e ordem.”
De máscara de gás na mão, o democrata ainda foi além: “Isto está indo além do aceitável e as pessoas podem se machucar e até morrer. Esta não é a forma de exercer o direito previsto na primeira emenda. Eu estou chocado. As instituições estão sendo assaltadas por uma máfia. Eu não acredito que isto esteja acontecendo nos Estados Unidos.”
Diante da radicalização da mobilização, a prefeita de Washington decretou toque de recolher para às 18h. Os manifestantes conseguiram entrar no Senado, onde sentaram inclusive na cadeira da presidência.
Temendo que também chegassem à Câmara, a Polícia do Congresso intensificou a repressão e apontou armas para as portas da Câmara, disparando contra os manifestantes. Ashli Babbit, 35, uma veterana de guerra, foi baleada no ombro e morreu.
Segundo o chefe de polícia Robert Contee de Washington, ao todo 4 pessoas morreram na quarta, durante os “confrontos” com a polícia., Ashli e outras três, que morreram em “emergências médicas”.
O medo da burguesia
Esta manifestação contra a fraude eleitoral nos EUA, uma expressão da crise política, somada as manifestações dos negros contra a repressão policial, bem como os enfrentamentos nas ruas entre a esquerda, a direita e a polícia, são resultados da crise econômica e social gigantesca.
Com quase 400 mil mortos por coronavírus, de 7 a 14 milhões de pessoas em situação de despejo e um desemprego ainda maior, a situação está degringolando muito depressa nos Estados Unidos. Por isso, a burguesia imperialista está morrendo de medo de que o que houve no Congresso se transforme em um caos social generalizado, com rebeliões por todo o país, independente de serem motivadas por interesses da direita ou da esquerda.
Veja vídeos dos protestos que ocuparam o Congresso dos EUA.
Isto porque, o maior temor da burguesia é o povo na rua, porque ela sabe que isso pode se transformar em uma onda de revolta popular que abale definitivamente o sistema capitalista, o Estado burguês e as instituições imperialistas norte-americanas, situação onde as massas nas ruas podem evoluir mesmo para uma situação revolucionária.