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Eleições 2022

Burguesia já prepara guinada à direita do centrão em 2022

Centrão anuncia guinada à direita em 2022, para explorar o antipetismo. O projeto frente-amplista parece ter sido definitivamente afundado pela candidatura Lula.

Matéria publicada pelo conservador O Estado de S. Paulo na internet e replicada em diversos sites associados dá o tom da crise política no interior da burguesia. A afirmação de Lula como candidato jogou por terra as tentativas de se estabelecer uma frente ampla contra ele e impusesse um candidato da direita tradicional, respaldado pela esquerda, para substituir Bolsonaro nas eleições de 2022.

Segundo a matéria, dois fatores estão norteando as articulações do centrão para a criação de uma candidatura chamada de “terceira via”. São eles o estabelecimento da candidatura do líder mais popular do país e a impopularidade do atual presidente. Pesquisas eleitorais realizadas pela própria burguesia apontam que Lula ganharia em qualquer cenário.

A polarização política coloca Lula e Bolsonaro em polos opostos. Como o espaço para manobras com o polo esquerdo foi inviabilizado pelo estabelecimento da candidatura Lula, o centrão avalia atualmente uma guinada à direita para recuperar o espaço que perdeu para o bolsonarismo. A CPI da Covid se encaixa nessa tentativa de desgastar Bolsonaro e emplacar um candidato mais estável para a burguesia, porém a manobra não é simples.

O senador Álvaro Dias, atualmente no Podemos mas com carreira política no MDB e PSDB, relatou que seu partido aguarda resposta do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro. O próprio chegou a afirmar que “o antipetismo ainda é muito expressivo no país” e que “com a queda de Bolsonaro, há espaço para a terceira via”.

Ciro Gomes, que vinha apostando numa “roupagem” esquerdista, recentemente intensificou seu discurso antipetista, atacando publicamente Lula. Segundo o ex-tucano, Lula seria o “maior corruptor da história brasileira”, numa bravata completamente desvinculada com a realidade, ao gosto da extrema-direita bolsonarista.

Manobra complicada, até para burguesia

A burguesia tem recursos de sobra para interferir na situação política, mas existem limites para sua capacidade de interferência. Alavancar candidatos desconhecidos não é uma prática nem desconhecida nem rara na história, mas depende de condições políticas favoráveis.

A crise geral do regime político abalou muito mais a direita do que a esquerda, pelo menos eleitoralmente. O próprio Bolsonaro é fruto da incapacidade de estabelecer um candidato forte da direita tradicional, mesmo com extenso tempo de exposição na televisão e fartos recursos financeiros, o tucano Geraldo Alckmin teve uma votação ridícula.

Ao contrário desse setor majoritário da direita, Bolsonaro possui uma militância que o segue. Isso não se consegue de uma hora para outra, esse setor foi sendo gestado pela intensa campanha antipetista nos monopólios da imprensa e adotou a figura de Bolsonaro. Além de civis, essa militância abarca setores da base da burocracia militar, o que tem um peso adicional na situação. Por fim, o governo atual também tem o apoio dos generais, que foram agraciados com cargos, verbas e poder político.

Janela de oportunidade

Mais de um parlamentar do centrão utilizou a expressão “janela de oportunidade” para se referir ao momento atual. O que a expressão encerra em si é que a “janela” será fechada, mais cedo ou mais tarde, e o delimitador é o processo eleitoral do ano que vem.

Se nos próximos meses a direita tradicional não conseguir emplacar um candidato que tenha condições de disputar as eleições contra o PT, não terá prazo hábil para fazer isso em 2022. Isso explica a intensificação das críticas ao governo nos monopólios da imprensa e até a farsesca CPI da Covid.

Além disso, é evidente que a pressão é controlada. Bolsonaro segue sendo o plano B, por isso nenhum dos muitos pedidos de impeachment foram aceitos e por isso a CPI tende a não dar em nada. Fechada a “janela de oportunidade”, a burguesia vai direcionar seu poder de fogo unicamente para a esquerda, em especial para Lula e o PT.

Guinada à direita chega em Bolsonaro, de novo

O grande problema dessa estratégia de “guinada à direita” é que Bolsonaro ocupa justamente esse polo na situação política. Toda a campanha antipetista ao longo do golpe de estado impulsionou a extrema-direita e culminou na eleição de Bolsonaro.

Quem representaria melhor todo o discurso antipetista e anticomunista no Brasil? Se o caminho for essa guinada à direita, Bolsonaro será novamente o representante unificado da burguesia para derrotar eleitoralmente o PT, nas horas decisivas a burguesia estabelece uma trégua nas suas disputas internas e age em conjunto.

Se a burguesia quiser tirar Bolsonaro tem que ser agora, aproveitando o “pior momento” de Bolsonaro, segundo ela própria. O problema é que, para isso, Bolsonaro teria de ser derrubado. Mas, se derrubado, o que sobrará para a direita? Quem assumiria seu lugar? E mais: agora que as mobilizações de massas estão voltando, caso Bolsonaro caia o país entrará em uma gigantesca convulsão social e a conjuntura seria extremamente desfavorável para a direita.

Se Bolsonaro cair, sobra Lula. Porque é nítida a exigência das massas por Lula presidente. Se Lula venceria Bolsonaro no segundo turno em 2022, logicamente ele deveria assumir em uma queda de Bolsonaro agora. Daí o dilema da burguesia, que tenta ainda lançar uma “terceira via” para 2022, mas a situação torna cada vez mais complicada essa alternativa.

Por isso, a campanha pelo Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas não pode ser interrompida. A burguesia conta com Bolsonaro para 2022, é preciso impor sua derrota nas ruas!

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