Sendo o principal país imperialista do mundo, as eleições estadunidenses não poderiam se dar em condições normais. Afinal, a crise capitalista exprime também em seu elo mais forte, a agudização da luta de classes em nível global. Entre trocas de acusações e a famigerada disputa da burguesia para assumir o mais alto posto do executivo, a luta de classes nos EUA assume em seus dois partidos imperialistas (Democratas e Republicanos), a fisionomia da crise em que o imperialismo está mergulhado.
Segundo matéria publicada na última quarta-feira, 30, no jornal The New York Times, “os republicanos estão montando o que chamam de um exército de partidários de Trump para monitorar os procedimentos eleitorais”. Carregando câmeras de celulares nos locais de votação, a tropa de Donald Trump (Republicanos) foi exortada a averiguar o que dissera o mandatário Republicano no primeiro debate com Joe Biden (Democratas), que “coisas ruins acontecem na Filadélfia” e que seria preciso “ir às urnas e observar com muito cuidado”. Ao séquito de extrema-direita conhecido como Proud Boys, o comando fora dado: “recue e fique parado”.
Para Thea McDonald, porta-voz da campanha de Trump, a operação era necessária porque “os democratas provaram sua falta de confiabilidade repetidas vezes neste ciclo eleitoral”. Nesse sentido, “os observadores voluntários das pesquisas do presidente Trump serão treinados para garantir que todas as regras sejam aplicadas igualmente, todas as cédulas válidas sejam contadas e todas as violações das regras democratas sejam declaradas”, disse.
A desconfiança não é por acaso. Nesta quarta-feira, 30, o Facebook proibiu a veiculação de qualquer anúncio que levante qualquer suspeita quanto à possibilidade de fraude eleitoral. De acordo com maior rede social do mundo, publicações que “retratam a votação ou a participação no censo como inútil ou sem sentido”, ou também que “deslegitimam qualquer método ou processo legal de votação ou de tabulação dos votos”, serão proibidas. Não é de hoje que Trump critica a modalidade de voto pelo correio. Agora, mais do que nunca, essa seria uma clara possibilidade de fraude. Não é de hoje que as eleições norte-americanas se consagram em meio à fraudes. Em novembro de 2000, um estranho caso dava provas da facilidade de manipulação das eleições. Naquela ocasião, quem ganhasse na Flórida venceria as eleições. Embora todos anunciassem a vitória de Gore, a Fox News, que não por coincidência empregava um primo de Bush, o qual já tinha conhecimento do esquema montado, permitiu o anúncio da vitória de Bush pela emissora. Essa vitória de Bush levantou várias manifestações no dia de sua posse. Revelou-se, portanto, o caráter fraudulento das eleições. A população negra, por sua vez, teve 12 mil eleitores impedidos de votar. Bush, não obstante, fraudou abertamente, comprou a suprema corte e impediu a recontagem dos votos.
Não há, portanto, nada de anormal no fato de Trump ter desconfiado dos votos pelos correios. Fato este, contrariado por Biden, que apoiou o voto pelo correio. Segundo o candidato Democrata, “sempre foi assim” e não se pode denunciar a fraude, que ele chama de “lisuras das eleições”. Ademais, o Facebook, que todos diziam que era trumpista, está censurando qualquer postagem que denuncia a fraude eleitoral, a saber, toda imprensa da burguesia norte-americana coloca que denunciar a farsa do voto pelo correio é um absurdo, de que a eleição será limpa.
Não é de hoje que a burguesia manipula as eleições nos EUA. Assim como no principal país imperialista, a burguesia atropela qualquer tipo de manifestação democrática para impor sua própria política, seja onde for.