As contradições no seio das principais candidaturas burguesas às eleições gerais de 2018 expressam, de forma clara, a aguda crise do regime político dominado pelos golpistas. As principais candidaturas do campo burguês-conservador-direitista já naufragaram ou estão muito próximas disto, revelando de forma inequívoca a enorme polarização vivenciada pelo país.
Chama a atenção neste momento uma particularidade que vem ocorrendo no Nordeste do país. Nesta região o ex-presidente Lula é disparado o preferido do eleitorado, mesmo após ter sido impedido pelos tribunais golpistas de concorrer como candidato do seu partido, o PT. Em quase todos os estados da região Lula ostenta mais de 60% das intenções de voto, em alguns casos chegando a mais de 70%.
Esses números favoráveis ao ex-presidente, somados a outros fatores, vêm causando divisões e fraturas entre os setores burgueses da região, o que tem levado alguns representantes das velhas oligarquias locais a se manifestarem. O direitista ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador e coordenador de campanha do náufrago tucano Geraldo Alckmin na região está neste momento atacando a candidatura de Jair Bolsonaro, candidato representante da extrema-direita que concorre pela legenda do PSL à presidência. O herdeiro do “carlismo” declarou recentemente que “está evidente que Bolsonaro não tem projeto para o País e as coisas ali são feitas na base do improviso” (O Antagonista, 20/9). A campanha de Bolsonaro tem agenda marcada nos próximos dias para o Nordeste, onde irão tentar subtrair votos da candidatura do PT e, obviamente, também do candidato Alckmin, o que por certo despertou a ira do prefeito da capital baiana.
Em outro episódio também ocorrido recentemente, o PSB expulsou da legenda a prefeita da cidade de Panelas-PE, Joelma Campos, em retaliação às declarações da chefe do excecutivo municipal de apoio a Jair Bolsonaro e ao candidato do PTB ao governo, Armando Monteiro, adversário de Paulo Câmara (PSB) ao executivo de Pernambuco, que concorre à reeleição com o apoio do PT, num processo que traumatizou a legenda petista no Estado.
Fica a pergunta: O que busca exatamente uma fração da burguesia nordestina ao atacar o candidato da extrema-direita? Tentar uma última cartada para fazer crescer, na região, a candidatura do anêmico Alckmin?