Nesta quinta-feira (23), um médico pediatra de Santa Catarina morreu, aos 51 anos, devido à complicações causadas pela COVID-19. Foi a primeira morte de um profissional da saúde registrada no estado, que já conta com 1115 infectados pela doença.
Apesar dos casos cada vez mais crescentes e das contraindicações de especialistas, o governador do estado de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), liberou, na última quarta-feira (22), a reabertura de shoppings e centros comerciais. Além disso, foi denunciada a ocorrência de grande subnotificação da doença devido à ausência de testes suficientes para toda a população.
Essas medidas mostram cada vez mais o descaso do governo com os profissionais de saúde, que têm trabalhado incansáveis horas para conter o avanço da doença no país. Eles estão sendo usados como verdadeiras buchas de canhão: não possuem espaço de trabalho e equipamentos adequados, remuneração digna e, além disso, não possuem o respeito e o comprometimento do estado com sua saúde.
Acontecimentos como o relatado são reflexo perfeito do sucateamento generalizado da saúde no Brasil, projeto a muito implementado pelo governo Bolsonaro. Propaga-se a ideia de que médicos e enfermeiros são heróis, exatamente para idealizá-los e tratá-los como figuras isentas de toda a precariedade ofertada pelo Estado golpista, descartando, assim, a preocupação com as suas necessidades e direitos básicos. São tratados como máquinas a serviço da burguesia, engrenagens pertencentes ao aparato capitalista que não podem parar. Ao redor do mundo, vemos o mesmo cenário: na Inglaterra, médicos e enfermeiros usam sacos plásticos devido à falta de máscaras adequadas; nos Estados Unidos, houveram relatos de inúmeras mortes causadas pela falta de estrutura básica oferecida a esses profissionais.
Até quando a política neoliberal vai tirar mais vidas? A campanha de despolitização da crise do coronavírus é apenas mais um projeto da direita direcionado para blindar o sistema capitalista de qualquer crítica relacionada, nesse momento, principalmente, à saúde. A verdade é que o real responsável por todas essas mortes é a própria doutrina liberal implementada pela burguesia. Dela decorre a precarização dos agentes públicos de saúde, enquanto a burguesia se preocupa com o enriquecimento de uma minoria e a manutenção do estado burguês.
Deve-se lembrar, cada vez mais, que a saúde pública acessível a todos é sim um projeto da esquerda. Que a sua privatização e, consequentemente, a sua debilitação, é uma causa há muito defendida pela direita, principalmente pelo governo vigente.
A burguesia procura ocultar que tem sido feita uma campanha para que esqueçamos o mal que governadores como Moisés, Witzel, Dória e Ibaneis fizeram para a população. Deve-se lembrar que eles são representantes e defensores da burguesia e que nunca farão esforços reais para auxiliar o povo. Outro exemplo disse é o ex-ministro Mandetta, recentemente demitido por “não se aliar” ao ponto de vista bolsonarista. O fato é que ele foi importante expoente na luta a favor da privatização de hospitais em todo o Brasil e do descarte do SUS, apenas mais um carrasco do governo de Bolsonaro.
Deve-se incriminar os verdadeiros responsáveis por essa crise e não esquecer o mal que eles causam e já causaram a toda a população. Governadores, como os citados não podem ser endeusados, devem ser lembrados como os verdadeiros criminoso que são. Acima de tudo, Bolsonaro, e todo o seu aparato direcionado a precarização e ao enfraquecimento do Estado, deve cair. Ele é o principal responsável pela morte de milhares de pessoas, vítimas de um sistema de saúde pública deixado à deriva.
