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Pseudoesquerdisa

Brian Mier: imperialismo vê Boulos como um Yaku Pérez contra o PT

Apresentador da TV247 e da TeleSUR vê a indicação de Boulos pela revista Times como uma estratégia do capitalismo internacional.

Brian Mier, jornalista americano, residente no Brasil e ligado a portais da imprensa progressista foi bem claro ao dizer que Guilherme Boulos (PSOL) não passa de mais uma aposta do imperialismo para confundir a esquerda. O jornalista coloca a estima capitalista a Boulos como similar a que vem recebendo, agora, Yaku Pérez (Equador) e Marina “funcionária-da-Natura” Silva em eleições passadas.

O periodista da TeleSUR se refere ao fato de que Guilherme Boulos recentemente foi colocado pela revista Time como uma das 100 lideranças emergentes do mundo. O fato foi comemorado pelo próprio em sua conta no Twitter. Ele diz como se estivesse “invadindo” a Time, o que dá um ar quase escatológico ao fato.

“O último proeminente brasileiro que eu lembro fazendo parte de uma lista dos 100 mais da Time foi Sérgio Moro. Não há uma maneira positiva de interpretar isso. Independentemente dos planos de Boulos, isso mostra que setores do capital internacional o veem como o próximo Yaku Perez ou Marina Silva”, disse Mier em publicação na sua conta pessoal no Twitter.

A afirmação de Brian Mier mostra que as críticas a Boulos não são mera implicância de outros partidos da esquerda, mas uma análise clara do papel do psolista no cenário político nacional.

Faz-se de bobo quem não enxerga que a burguesia só elogia os seus ou quem pode lhe dar algum retorno futuro. Como bem lembrou Mier, a Time colocou Moro em um dos seus top 100, e isto não pode ser tomado como algo bom. O candidato mais mal votado da história do PSOL para a presidência da república, foi colocado pela Time em destaque pelo seu papel golpista na esquerda brasileira e não por sua liderança.

Mier também acrescentou que “Guilherme Boulos nunca foi eleito para nada. Ele obteve 500 mil votos na corrida presidencial de 2018 e chegou ao segundo turno da corrida para prefeito de SP no ano passado”. Fica claro que o jornalista também entende que Boulos é um candidato artificial, sem um currículo que comprove que possui apoio popular e que não há justificativa para inseri-lo em uma lista de líderes mundiais – a não ser a vontade do imperialismo de promovê-lo.

A marcha golpista de Guilherme Boulos deve ser sempre lembrada. Antes da Copa de 2014, o “invasor da Time” liderou o confuso movimento do “Não vai ter Copa”. Na esteira do golpismo lançado pela direita através da cooptação das manifestações de 2013, Boulos encabeçou, de maneira bastante oportunista, ataques a Dilma Rousseff. Pelo fato de ser um movimento completamente fraco em termos de apoio popular, o “Não vai ter Copa” nunca vingou, tendo sido enterrado no cemitério da vergonha pelo próprio Boulos. Nem a burguesia brasileira deve ter acreditado no presente que o “líder” do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) deu a ela.

Como colunista da Folha de S.Paulo, atacou o chamado “ajuste fiscal da Dilma” e não a direita que a encurralava. Enquanto setores da esquerda tentavam se mobilizar para defender Dilma, Boulos e setores mais politicamente confusos da esquerda iam às ruas protestar contra Dilma.

Mal sabiam, estes golpistas pintados de vermelho, que o ajuste fiscal colocado em prática por Michel Temer e o centrão (com o qual Boulos e outros querem fazer frente ampla) foi centenas de vezes pior que o feito por Dilma. Barbaridades como a reforma trabalhista e a Emenda Constitucional de congelamento de gastos públicos foram severos ataques aos trabalhadores. Talvez, Boulos tenha comemorado isto também, assim como fez com sua foto na Time.

Em marços de 2018, de maneira completamente oportunista, entrou pela janela no PSOL, apenas para aproveitar seu capital político junto à classe média e se lançar a presidente. Durante sua campanha, recebeu matérias até bastante elogiosas da imprensa burguesa, como quando a Folha chamou sua esposa de “primeira-dama pé no barro”, em uma matéria de duas páginas em tom bastante positivo – ao mesmo tempo que atacava com toda sua artilharia Lula, Haddad e o PT. Como dito, a burguesia só elogia quem é dos seus ou pode lhe dar algo em troca.

Mesmo com todo esse impulsionamento por parte da imprensa burguesa, sua campanha foi fiasco total, tendo resultado até pior que a do “ex-direitista”, Plínio de Arruda Sampaio. Isto mostra que o “queridinho da Time” não tem apoio popular algum, como Brian Mier bem observou em sua publicação.

Não apenas não tendo apoio popular, Guilherme Boulos é um grande agente da direita dentro da esquerda. Seu papel durante os protestos em 2020 foi o de sabotar as manifestações. A começar pelo papel escatológico do seu comparsa, Danilo Pássaro, que tentou transformar a luta de rua em um grande movimento “verde-a-amarelo”, para confundir a população e desmobilizar os manifestantes.

Em seguida, vendo que teria que colocar as mãos na massa, Boulos, que era contra os atos de rua, se vendeu como o donos das manifestações. Em negociação com a Polícia Militar, Guilherme Boulos “conseguiu” revesar a Avenida Paulista com a direita, bem no momento que as forças populares ameaçavam esquentar seus punhos em fuças direitistas.

Se aproximando das eleições de 2020, Boulos resolveu lançar-se candidato à prefeitura de São Paulo. Para isso, contou com grande sabotagem interna à campanha do PT, a começar pelo favorito Fernando Haddad ter rejeitado se candidatar, o que fez o PT lançar o fraco Jilmar Tatto. A candidatura de Boulos simbolizou, em grande medida, a candidatura do antipetismo dentro da esquerda.

Durante a campanha, Guilherme Boulos chegou a dizer que expropriaria o Itaú. Todavia, logo foi à uma associação de grandes comerciantes da capital paulista dizer que era pra ficarem tranquilos, disse que os empresários não deveriam ser “demonizados” e recebeu dinheiro da construtora Andrade Gutiérrez.

Dado o histórico de Boulos, a fala de Brian Mier é completamente correta e bastante apurada. O que a burguesia internacional tenta construir na América Latina é uma pseudoesquerda para tentar conter o retorno dos líderes nacionalistas que governaram os países nas décadas anteriores e manter intacto o regime golpista a escala continental.

No Equador, a candidatura de Yaku Pérez, o golpista vestido de índio, é uma grande jogada da burguesia para tentar derrotar o candidato de Rafael Correa, ex-presidente do país e perseguido político. Sob a fantasia de ecossocialista e indígena, Pérez tenta se eleger através da política identitária, ao qual repetidamente afirmamos, neste Diário, ser uma armadilha da direita para dividir a classe trabalhadora e frear seu caráter revolucionário.

O ecossocialista equatoriano mostrou, em 2017, que tem nada de socialista, ao defender o banqueiro Lasso durante as eleições contra Lenín Moreno, que ainda representava a continuidade do governo Rafael Correa, antes de traí-lo, vendendo-se ao imperialismo.

Yaku Pérez, em mais uma de suas pérolas, também comemorou a queda de Dilma Rousseff, fato que Boulos se esforçou para que acontecesse. Isto mostra que, de fato, os dois são farinha do mesmo saco. Ambos golpistas travestidos de progressistas.

Boulos e Pérez têm tanto em comum que também são parceiros em fazer coro com o imperialismo e atacar o governo de Nicolás Maduro. Para ambos, o governo bolivariano da Venezuela é uma ditadura. A mesma propaganda dos Estados Unidos e seus lacaios.

Além disto, Pérez fez algo parecido com Boulos, ao negociar com Lenín Moreno para arrefecer uma revolta em 2019. A política dos dois é muito semelhante para não suspeitar do impulsionamento de ambos pela imprensa burguesa nacional e do imperialismo.

Se no Equador o objetivo é atingir Correa, no Brasil, o objetivo é tentar impedir Lula de ser candidato, sendo Boulos uma das alternativas para tentar convencer a esquerda a não lutar pelos direitos do ex-presidente. Os capitalistas sabem que a esquerda pequeno-burguesa é bastante confusa e tende a aceitar de bom grado figuras direitistas com máscara de esquerda.

Por isso a analogia de Mier com Yaku Perez. O imperialismo forja a “sua” esquerda, para contrapor a esquerda que o povo enxerga como representante de seus interesses e reivindicações.

O companheiro Rui Costa Pimenta, nos últimos anos fez ótimas palestras explicando o nacionalismo burguês e o golpe de 2016 (é comentado o papel deplorável de Guilherme Boulos). Você pode conferir nos links abaixo:

Nacionalismo burguês e trotskismo

Três anos do golpe de Estado de 2016

Sobre a candidatura de Yaku Pérez, o leitor pode acompanhar em melhor detalhe através da matéria “Equador: o golpismo vestido de índio” da coluna do companheiro Eduardo Vasco, aqui no Diário da Causa Operária.

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