O governo do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, com o intenso apoio da venal imprensa burguesa, procurou nos últimos dias apresentar como altamente positivo e promissor para a economia nacional os últimos acontecimentos no cenário internacional, no afã de buscar reduzir a repercussão das inúmeros resultados negativos colhidos pela economia nacional no ano de 2019, como a queda do saldo da balança comercial, fuga de capitais, exportação de matérias primas ultrapassando pela primeira vez, em 40 anos, o montante das exportações de produtos industrializados etc. etc. etc. Resultados que são acompanhados e impulsionam um retrocesso sem igual nas condições de vida da imensa maioria do povo brasileiro (fome, rebaixamentos salarial, desemprego, epidemias etc.) e, consequente, rejeição popular do governo Bolsonaro, o mais mal avaliado de todos os presidentes desde a volta das eleições diretas, em 1989, no primeiro ano de mandato.
Assim, os golpistas divulgaram que o Brasil não terá grandes prejuízos com o acordo comercial parcial assinado entre os governos dos EUA e da China, nessa semana e que terá enormes vantagens com a possível participação do País na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), a partir do anuncio do apoio do governo Trump ao pleito do governo brasileiro.
Nada poderia ser mais enganoso.
Brasil pode perder bem mais de US$ 15 bilhões
O entendimento negociado entre os governos dos EUA e da China, estabelece novas cotas de importação e exportação entre os dois países.
Dentre os termos do acordo, prevê-se a China deverá comprar mais 200 bilhões de dólares em produtos agrícolas dos produtores norte-americanos, em troca da redução de sobretaxas impostas pelos EUA contra os produtos industrializados chineses. Essa medida que reverte em parte a situação anterior ao começo da atual “guerra comercial” entre os dois países, quando as exportações de soja norte-americana para a China caíram de 14% para 3%, ou seja, praticamente sumiram do mapa.
Nesse período, que coincide com as medidas protecionistas de Trump, contra os produtos industrializados chineses, as exportações de soja do Brasil para a China passaram de 14% para 27%. Como não se trata de que o governo Chinese esteja querendo aumentar em 100% as suas compras desse produto, o Brasil tende a perder quase toda a fatia do mercado que tinha abocanhado provisoriamente.
Nas condições atuais 34% das exportações brasileiras têm como destino China e Hong Kong.
Todos os analistas econômicos internacionais com o mínimo de isenção, em relação aos interesses do governo brasileiro, estimaram que o Brasil será o maior prejudicado pelo aumento do volume das compras dos chineses dos produtores de soja e outros produtos agrícolas norte-americanos.
De imediato já foi acertado, o volume comprado dos EUA deverá saltar de US$ 15 bilhões para US$ 56 bilhões, um crescimento de US$ 40 bilhões, um volume imenso e que pode prejudicará diretamente as exportações brasileiras.
No melhor dos casos, o acordo parcial entre os dois países que detém o maior comercio bilateral do mundo no momento, embora – nem de longe – sirva para deter o aprofundamento da gigantesca crise capitalista que toma conta do planeta, resultado da superprodução de mercadorias, ante um mercado em que a imensa maioria da população não tem as mínimas condições de consumo (ante a cada vez maior concentração de renda na mãos de uma ínfima minoria), servirá para reestabelecer em alguns aspectos as condições anteriores nas relações comerciais entre esses dois países, em uma situação de crise do mercado mundial e mesmo nesses países.
No caso do Brasil, as exportações para a China que, em 2018, superar U$ 64 bilhões (quase 90% de produtos básicos, em primeiro lugar a soja), contra pouco mais de U$ 34 bilhões em importações; é evidente que estará estabelecida uma nova situação impondo enorme dificuldades para o comércio exterior brasileiro. É bom lembra que o agronegócio – e em particular as exportações crescentes de soja foram uma das “bengalas” da economia brasileira diante do retrocesso promovido pelo golpe de Estado contra a economia nacional em favor dos tubarões imperialistas.
Agora, Donald Trump, o “amigo” de Bolsonaro acabou de cortar um bom pedaço da bengala, em um momento de aceleração da crise no Brasil e em todo o mundo.
O Brasil no clube dos ricos”, pela porta dos fundos
Depois de prometer e não cumprir a promessa de indicar o Brasil para a OCDE, no ano passado, quando acabou sinalizando em favor da Argentina como forma de apoiar a candidatura neoliberal do então presidente Macri à reeleição, para dar a aparência de que o país vizinho, a caminho da falência e “de pires e joelhos diante do FMI” (Fundo Monetário Internacional) estaria no caminho da prosperidade, o governo Trump anunciou nessa semana o apoio ao ingresso do Brasil no chamado “clube dos ricos”.
Assim como um pobre, em geral, só entra em clube de grã-finos para executar serviços e ocupar funções secundárias, o Brasil não está sendo convidado na condição de igual, aos principais membros do grupo, os países imperialistas, que não só só dão as cartas na OCDE como em toda a economia mundial.
O ingresso de um país pobre e de economia capitalista atrasada, como o Brasil (e outros integrantes da OCDE como México, Chile etc.) ingressa em tal “círculo” é para ajudar os ricos a pagarem a conta e para fazerem novas concessões em troca de desfrutarem da companhia dos ricos ( não das riquezas) em alguns breves momentos.
Os EUA propõe incluir o Brasil na OCDE com o único intuito de retirar garantias do País e promover uma maior submissão da economia brasileira.
O processo para aceitação do Brasil como membro da OCDE – o que pode demorar de três a cinco cinco anos para se efetivar. Nesse período, o país passará a ser avaliado por comissões temáticas quanto ao cumprimento de recomendações da OCDE em diversos setores, como meio ambiente, saúde, responsabilidade fiscal e normas internas de controle da economia, do orçamento público etc.
Logicamente que o País terá que desembolsar uma gorda contribuição, estimada em torno de U$ 10 milhões anuais, para ser “sócio do clube”. Isso porque, há contribuições obrigatórias, coladas de acordo com PIB (Produto Interno Bruto) do s países membros. A contribuição anual obrigatória do México, por exemplo, é de cerca de US$ 5,5 milhões e dos Estados Unidos, “sócio-majoritário” da OCDE, da ordem de US$ 80 milhões.
Segundo o professor Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fazer parte da OCDE vai limitar a liberdade que o governo tem de gerir a economia, porque essa organização internacional defende intervenção mínima do Estado e liberalização do fluxo de capitais. Marconi afirmou que
Mas público e notório para quem tem o mínimo entendimento da economia internacional que a maior concessão e de maior potencial de impacto econômico é que ao ingressar na OCDE o Brasil renunciaria ao tratamento diferenciado, como país em desenvolvimento, nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), o qual prevê condições especiais e benefícios para países emergentes em negociações com nações ricas.
O Brasil teria que abri mão, por exemplo, do prazo maior que tinha para cumprir determinações e da margem maior para proteger produtos nacionais.
Nelson Marconi, da FGV. destaca que “a gente tinha uma série de vantagens em termos de compras de produtos com conteúdo local por parte do setor público e uma série de benefícios tarifários por ter status de país em desenvolvimento e de que a gente abriu mão para entrar na OCDE. E a gente abriu mão para não ter praticamente nenhuma garantia do outro lado“. Ele acrescenta ainda que “isso pode prejudicar muito a gente do ponto de vista comércio, da indústria e do próprio processo de desenvolvimento.
Em resumo, vantagem só para os países capitalistas que trataria o Brasil como um concorrente em igualdade de condições, imporiam uma maior controle sobre a economia do País e