Falar sobe o problema da fome no Brasil é retroagir há tempos quase imemoriais. Trata-se de uma chaga secular aberta no País, já não digamos resolvida – muito longe disso – mas sequer minimizada pelos sucessivos governos, isso desde quando os colonizadores europeus aqui desembarcaram.
No entanto, trazendo o problema para os dias de hoje, o que se vê nas ruas das grandes metrópoles nacionais, e até mesmo nas cidade de porte médio e também nos municípios menores, é uma explosão de miséria, violência, desemprego e uma legião gigantesca de pessoas famintas que perambulam desesperadas por um prato de comida ou alguma outra coisa qualquer que possa lhes apartar do suplício e da angústia de terem que atravessar o dia sem ter com o que se alimentar.
Via de regra são pessoas que também não têm onde morar, muitas delas se amontoando em espaços públicos das cidades (praças, parques, viadutos, debaixo de árvores, prédios abandonados, etc.), todas expostas aos riscos (doenças, violência, drogas e outras), que essa condição impõe, pois, sem outra alternativa, estão obrigados a se sujeitarem às mais desumanas e abjetas situações.
Hoje, no Brasil – provavelmente mais do que em qualquer outro momento – a fome e a miséria ,assim como o número de pessoas sem abrigo e casa, passou a ser assunto do cotidiano, do dia a dia das pessoas, seja onde for. A relativa indiferença existente em determinados círculos sociais sobre o problema da fome e da pobreza no País vem dando lugar a comentários cada vez mais frequentes, em tom de indignação, diante da crescente e espantosa barbárie social que tomou conta do Brasil, mais incisivamente desde quando a direita golpista decidiu “virar a mesa”, golpeando a legitimidade do governo eleito pelo voto popular, violando a legalidade institucional no País e, assim, pavimentando o caminho para a ascensão da extrema direta fascista, reacionária, obscurantista e ameaçadora.
Não basta, no entanto, a indignação e o chororô diante dos mortos, da miséria e da catástrofe, da hecatombe que se apropriou do País. Não há nada a esperar também dos que somente se indignam mas nada fazem, pois o sentimentalismo não é ação, não é resposta consequente à barbárie.
Do ponto de vista da ação concreta, a situação exige uma postura diametralmente oposta ao que vem fazendo a maioria dos setores ditos “progressistas”, aí incluída, obviamente, a maioria da esquerda nacional. Para esses setores, a pandemia apareceu como o pretexto, uma espécie de salvação e justificativa para quem já vinha – a algum tempo – sem fazer nada. Imersos na paralisia, sem política e sem a compreensão do que ocorre na conjuntura, a maioria da esquerda brasileira está hibernada, isso muito antes da crise sanitária nacional, desde pelo menos a posse do fraudulento governo Bolsonaro.
Nosso partido – PCO -, já bem antes do resultado eleitoral de 2018 que sufragou fraudulentamente o atual ocupante do Palácio do Planalto, alertava sobre a necessidade de sair às ruas contra a violação da vontade popular expressa no pleito eleitoral, quando a burguesia, o grande capital nacional e o imperialismo concertaram uma manobra espúria e golpista para não permitir que concorresse ao cargo máximo do País o candidato mais popular, o ex-presidente Lula, que agora figura em primeiríssimo lugar em todas as pesquisas de opinião como a principal candidatura capaz de enfrentar e derrotar a extrema direita.
Portanto, é necessário ir além das lamentações e indignação e não esperar pelo calendário eleitoral para ocupar as ruas de todo o País, exigindo a vacina para todos, o auxílio emergencial de pelo menos 1 (um) salário mínimo vigente, além, obviamente, da consigna que é o hoje o grito que está represado na garganta, nos corações e mentes da maioria da nação: FORA BOLSONARO; FORA TODOS OS GOLPISTAS!