Imprensa das nações imperialistas vem apontando que o Brasil se tornará o novo epicentro do coronavírus, o que é até uma obviedade. Sem nenhuma ação minimamente efetiva contra o surto de contágios da pandemia, sem medidas reais de isolamento social, o que envolveria paralisação das atividades não essenciais, redução das jornadas de trabalho, reduzir também os turnos nas atividades essenciais, aumentar a frota do transporte de massas, proibindo as aglomerações no interior dos ônibus e vagões, implementando a distância necessária entre os usuários durante os trajetos, o único desfecho possível para a sucessão de eventos somada a chegada do inverno é o de uma verdadeira tragédia.
Nesse sentido, a percepção de que “o Brasil parece condenado a se tornar o próximo epicentro da crise planetária do coronavírus”, como descrito na agência de notícias francesa AFP em reportagem sobre o tema está longe de ser fatalista. Ao contrário, dado que mesmo com toda a manipulação em relação aos dados oficiais, os contágios e mortes estão explodindo no país, enquanto Ibaneis no DF e Doria em São Paulo se preparam para decretar a volta ao trabalho e às aulas, pondo fim à quarentena em seus governos (e isto quando o surto de contágios ameaça crescer exponencialmente), comprovando que a preservação da vida e da saúde do conjunto da classe trabalhadora jamais foi uma preocupação para os capachos do imperialismo (tanto a ala dos fascistas velados quanto a dos fascistas declarados).
Ainda, profissionais da área sanitária apontam que a subnotificação é um problema crônico na saúde pública brasileira, o que os levam a estimar cálculos baseados nos casos notificados que apontem para um número mais próximo do real não notificado. Os do coronavírus, segundo estes profissionais, deveriam ser multiplicados por 16. Assim, com pelo menos 96 mil casos confirmados até a noite de sábado (dia 2) e 6.750 vítimas fatais, o mais próximo da realidade encoberta seria mais de 1,536 milhão de contágios com ao menos 108 mil mortes no país. E não custa lembrar, é no inverno que doenças gripais costumam produzir efeitos mais devastadores. Nos países do hemisfério norte, o fim da estação fria coincidiu com a redução dos contágios porém no hemisfério sul, a temporada fria ainda está por começar.
Demonstrando que a política de restrição ao direito de ir-e-vir, de reunião entre outras medidas adotadas pela dita direita “democrática” (na realidade, fascistas velados) se tratava única e exclusivamente de uma máscara para acobertar crimes grotescos contra a vida dos trabalhadores e contra os direitos políticos do povo brasileiro, a população se encontra sob grave ameaça, talvez a maior em nossa história recente e que fatalmente implicará em um verdadeiro genocídio se o regime político não for posto abaixo por uma mobilização popular que exija “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”.