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A direita aplaude

Boulos vê o fim da Lava Jato mas se recusa a falar de Lula

Psolista vai se consolidando como um dos principais cavalos de Troia da burguesia para a esquerda brasileira

Em sua coluna semanal no jornal golpista Folha de S.Paulo, Guilherme Boulos, burocrata do MTST que resolveu ingressar no PSOL para viabilizar sua carreira parlamentar, aproveitou o fim da Lava Jato para fazer mais demagogia com o “combate à corrupção” e para ajudar a burguesia a organizar a transição para um regime ainda mais antidemocrático. O texto, de título “Aqui jaz a Lava Jato”, foi publicado ontem, dia 9 de fevereiro.

Como um típico pequeno-burguês, introspectivo por natureza, Guilherme Boulos confunde as suas próprias impressões e os seus preconceitos com a realidade. Em determinado momento do texto, Boulos se mostra compreensivo com a “popularidade” da Lava Jato. Popularidade essa que nunca houve, nem por acaso:

“Compreendo o clamor que a Lava Jato e seus heróis produziram na alma de boa parte da população brasileira. Ver grandes empreiteiros, bilionários que sempre tripudiaram da lei, indo parar na cadeia dava a impressão de que o Brasil estava acertando as contas com o patrimonialismo. Parecia que a corrupção estrutural do nosso sistema político estava sendo enfim confrontada”.

Sobre que dados Boulos se apoia para falar que “boa parte” da população brasileira tinha qualquer tipo de simpatia em favor da Lava Jato? Não há qualquer evidência científica disso. Pelo contrário: há, na verdade, inúmeros fatores que comprovam o contrário. Dilma Rousseff foi eleita, mesmo sendo um dos alvos da operação, e o ex-presidente Lula permaneceu como a liderança mais popular do País, mesmo tendo sua cabeça a prêmio.

Boulos acredita que a Lava Jato era popular porque segue dois parâmetros, ambos estranhos ao movimento operário. O primeiro deles é a própria imprensa golpista, com a qual Boulos conserva uma estreita relação. A mesma Folha de S.Paulo que contratou Boulos como colunista e que impulsionou sua campanha interna para ser o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL divulgou inúmeras pesquisas de apoio à Lava Jato e às operações golpistas. O segundo parâmetro, que está relacionado com o primeiro, é o próprio meio social em que Boulos vive. Como um burocrata de um movimento social, cuja função se resume a conter os trabalhadores sem teto para evitar que se radicalizem contra o regime, e como um parlamentar sem vaga no parlamento, que vive se reunindo com representantes da burguesia para conseguir apoio para seus projetos pessoais, Boulos é a expressão da pequena burguesia. Um setor conservador, com tendências direitistas, que está desvinculado dos sentimentos das massas por conta de sua integração ao regime.

Também é da natureza do pequeno burguês a falta de qualquer princípio. A pequena burguesia, afinal, não tem um programa. E é por isso que o político pequeno-burguês não tem qualquer coerência: ora defende aquilo que parece que vai lhe dar voto, ora muda drasticamente sua política para não descontentar algum setor social que considera importante. O caso das eleições na Câmara dos Deputados deixou isso claro: o PSOL de Guilherme Boulos, que estava tão entusiasmado com a candidatura do “camarada” Baleia Rossi (MDB), pulou fora do barco quando viu que sua candidatura seria massacrada.

Boulos, portanto, não é — e nunca foi — um ferrenho opositor à Lava Jato. Apenas expressa o movimento da própria burguesia, que decidiu fechar as portas da força-tarefa. Boulos nunca defendeu um programa que combatesse frontalmente a operação golpista, e seu partido, o PSOL, defendeu abertamente a força-tarefa. Enquanto a Lava Jato se fortalecia e encurralava o governo do PT, Boulos e o PSOL decidiram sair às ruas para protestar contra o próprio governo do PT!

A ausência de um programa democrático em relação à Lava Jato fica clara no próprio artigo de Boulos. No fim das contas, o psolista somente defende o fim da operação porque ela ficou completamente desmoralizada. Trata-se, de um certo modo, de uma tentativa de moralizar o regime. E foi justamente por isso que a burguesia decidiu acabar com a Lava Jato: a crise era tão grande e sua impopularidade era tanta que foi melhor “entregar os anéis para não perder os dedos”. Não há, no programa de Boulos para a Lava Jato, qualquer reinvindicação que se volte contra o regime:

“A Lava Jato acabou, mas as feridas seguem abertas. A divulgação das mensagens dá provas suficientes para o início da cicatrização. Sergio Moro precisa responder criminalmente por suas ações. E o STF, se quiser resgatar a credibilidade perdida, tem que julgar a evidente suspeição nos casos em que Moro atuou contra Lula. Esse acerto de contas não apaga o estrago causado, mas pode ser o ponto de partida para o Brasil superar a lógica do espetáculo judicial e compreender o combate à corrupção a partir de uma profunda reforma política”.

Para Boulos, a principal medida contra a Lava Jato deveria ser a punição ao fascista Sergio Moro. Mas hoje, qual a importância de puni-lo? Moro já cumpriu sua missão no golpe, e já foi, inclusive, demitido do governo Bolsonaro. É uma figura completamente desmoralizada. Para o regime, entregar a cabeça de Moro não lhe fará qualquer falta. Punir Moro, inclusive, faz parte da própria tentativa de moralizar o regime. Assim, daqui a um tempo, a direita poderá voltar com uma nova operação golpista — bastará, para isso, utilizar qualquer outro vigarista que não Moro.

O único programa que faz sentido para enterrar a Lava Jato é aquele que atinge os motivos pelos quais a operação foi montada: o golpe de Estado, centrado, sobretudo, na cassação dos direitos políticos da mais importante liderança popular do País. A condenação criminal de Lula, resultado da Lava Jato, é um golpe de Estado permanente: toda eleição sem sua participação é uma fraude, é uma interferência direta do imperialismo na escolha do presidente do Brasil. Por isso, enterrar a Lava Jato não significa pedir que o STF ponha a mão na sua consciência: é preciso fazer uma enorme campanha, ativa, agressiva e de massas, pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula e pela sua candidatura em 2022.

Qualquer política diferente dessa é uma cumplicidade com os golpistas que sustentam, hoje, o governo Bolsonaro. É a continuidade da política de frente ampla, levada a fundo por Guilherme Boulos em São Paulo, na medida em que assinou manifestos com todos os golpistas e sentou com João Doria (PSDB) para acabar com os atos Fora Bolsonaro.

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