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A esquerda de estimação

Boulos: o escolhido pelo imperialismo

Ao escolher o político do PSOL como "uma das principais lideranças políticas" veículo do imperialismo deixa claro seus objetivos e o alinhamento da esquerda à política imperialista

Na última quarta-feira (17) a revista norte-americana Time divulgou a segunda edição de sua “Time 100 Next” onde lista o nome de 100 pessoas de diferentes setores da sociedade como destaques para o futuro. Na lista, além da cantora brasileira Anita, chamou a atenção o nome do político Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de São Paulo ano passado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Na revista cada uma das pessoas listadas recebe um breve texto contextualizando a sua escolha. Para Boulos os comentários editoriais foram escritos pela jornalista Ciara Nugent a qual discorreu “Um mês antes do primeiro turno da eleição, ele estava em quarto lugar como candidato de um partido minoritário, com apenas 10% dos votos esperados. Mas, ao conquistar os jovens e energizar eleitores desiludidos com a esquerda dominante do Partido dos Trabalhadores, Boulos derrotou o candidato preferido de Bolsonaro, entre outros, para chegar ao segundo turno” e complementou utilizando a figura “mítica” dos “analistas”: “Muitos esperam que Boulos concorra à Presidência em 2022 e desempenhe um papel importante na reconstrução da força da esquerda nesse ínterim“.

A revista Time que é um dos principais veículos da imprensa monopolista da burguesia imperialista internacional, de propriedade dos irmãos Koch, conhecidos como atores na política externa norte-americana, havendo indícios de atuação inclusive no golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, está novamente buscando interferir na política nacional. É claro, que outras pessoas como Lula em 2010, Dilma em 2011 e 2012, o golpista Sérgio Moro em 2016 e o fascista Jair Bolsonaro em 2019.

Um claro apoio da burguesia internacional

Nos nomes de brasileiros listados como “líderes” no campo da política nacional, exceto o golpista e funcionário do imperialismo norte-americano Sérgio Moro, os demais eram simplesmente presidentes da república. Já o político Guilherme Boulous foi incluído na lista de forma, não há como não dizer, surpreendente, pois de liderança “de fato” possui muito pouco.

Boulos surgiu para o cenário político nacional em 2014 durante os protestos contra a realização da Copa do Mundo, no chamado movimento “não vai ter copa”, que serviu como uma “luva” para os ataques da direita e do imperialismo contra o governo de Dilma Rousseff, num momento em que o golpe de Estado já estava em marcha. Nos capítulos seguintes do regime golpista, impeachment de Dilma, prisão de Lula, eleição fraudulenta de Bolsonaro, avanço dos fascistas pelas ruas e eleições manipuladas de 2020, o que se do político do PSOL foi oscilar entre calar-se diante dos ataques ao PT e Lula e medidas subjetivas de “defesa da democracia” que na verdade resultam em defesa da política golpista, isso quando não atuou diretamente com os golpistas permitindo o avanço da extrema direita, como nos fascistas da Av. Paulista.

Eleitoralmente Boulos também, pouco conseguiu. Em 2018 teve muito menos de 1% dos votos, 0,58% precisamente. Em 2020, foi diferente, tendo 20,24% dos votos no primeiro turno, contra 32,85% de Bruno Covas (PSDB), indo para o segundo turno. Aqui, não podemos deixar de citar o fato principal, a campanha do psolista foi desde o início amplamente apoiada pela burguesia paulista e até nacional, recebendo amplo apoio da imprensa burguesa. Uma clara manobra, assumida inclusive pela imprensa golpista, para tirar o Partido dos Trabalhadores (PT) e seu candidato, um candidato de fato ruim, do páreo. O que se mostrou uma preparação para o futuro.

O fato do apoio da imprensa burguesa, e por conseguinte da classe que ela representa, foi evidente e, agora, é reforçado pela imprensa burguesa internacional fato que foi destacado, por exemplo, pelo jornalista australiano, radicado no Brasil, Brian Mier afirmou “Não há uma maneira positiva de interpretar isso. Independentemente dos planos de Boulos, isso mostra que setores do capital internacional o veem como o próximo Yaku Perez ou Marina Silva”.

Rapidamente o jornalista foi atacado por políticos do PSOL que o tacharam de algo como “gringo burro”. Porém, o jornalista está completamente certo. É incontestável, não há outra forma de entender esse “aceno” da burguesia internacional que não seja que ela, o capital financeiro internacional, está apoiando Guilherme Boulos, assim como fez com o candidato identitarista nas eleições no Equador, Yaku Perez.

A menos, é claro, que acreditemos que um dos principais veículos de comunicação, que age como uma das vozes do imperialismo internacional, está promovendo “perigosos políticos revolucionários de esquerda que lutariam contra o domínio dela mesma, da burguesia internacional”. Uma conclusão completamente sem sentido.

Uma esquerda alinhada com o imperialismo

Rapidamente após a publicação da revista Time, Boulos utilizou suas redes sociais para agradecer o apoio do veículo imperialista:

Invadindo a TIME! Fico honrado em estar na lista #TIME100Next da Revista @Time, como uma das 100 lideranças emergentes do mundo. O futuro é logo ali!

Ao bancar políticos da esquerda pequeno-burguesa identitária como Boulos e Yaku Perez, o imperialismo está se utilizando de políticas extremamente demagógicas como a ambientalista e identitária para desenvolver um Biden no Brasil. O que expõe que o imperialismo não está disposto a aceitar nenhuma política extrema, nem moderada, que é o que foram os governos da esquerda moderada nacionalista no período anterior aos golpes de Estado na América Latina.

O que deixa claro que, no momento, o principal conflito do imperialismo na região é com a política do nacionalismo burguês, que possui relações com as camadas mais populares dos seus respectivos países e possuem um relativo grande apoio eleitoral, de forma que é necessária uma política mais agressiva e outra manobras, como bancar uma “terceira via” pela esquerda, pelo seu setor mais domesticado, para manter os governos alinhados com o imperialismo.

As manobras do imperialismo também escancaram a situação da esquerda pequeno-burguesa, que tem se mostrado dia após dia uma esquerda completamente domesticada, alinhada e, até, integrada ao imperialismo. A falta de combatividade do regime golpista, a relutância em agir para levantar uma luta frontal contra o governo do genocida Bolsonaro, a relutância em apoiar Lula e denunciar a perseguição política que ele vem sofrendo, a defesa do aumento da repressão contra a população ao pedir mais cadeia, mais medidas de repressão, ao negar-se a reconhecer o governo da Venezuela e levantar a luta contra o imperialismo, tudo isso deixa claro que estamos diante de uma esquerda que, consciente ou não, defende os interesses do imperialismo.

É também por esse motivo que, não só Boulos, mas outros políticos tidos como da esquerda – Tábata do Amaral, Ciro Gomes, Flávio Dino, Manuela D’Ávila – e o próprio PSOL, em certa, medida são impulsionados pelo monopólio da imprensa burguesa, o que quer dizer que são apoiados, em alguma medida, pela grande burguesia.

Sem fazer nenhum exercício de “futurologia”, mas simplesmente, atestando o óbvio diante da situação já em curso, a menos que haja alguma reviravolta na situação política nacional, em breve veremos Guilherme Boulos aparecer cada vez mais nos veículos de comunicação da burguesia internacional, como forma de impulsionar seu nome para as eleições em 2022, o que sem sombra de dúvidas, é uma “jogada” da burguesia para tirar o ex-presidente Lula e o PT da disputa, promovendo a “renovação da política nacional”.

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