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A “nova esquerda”

Boulos: nada de radicalismo, vamos fazer ciranda!

PSOL de Boulos, Podemos de Iglesias e Syriza de Tsipras são um supositório para esquerdistas

Para angariar apoio da burguesia a fim de ter a confiança dos capitalistas, Guilherme Boulos tirou toda a sua roupagem de “radical”. Nas redes sociais e entrevistas, durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, deixou claro que seu suposto radicalismo é uma invenção estapafúrdia da extrema-direita, que ele é um político que quer “governar para todos”.

As inspirações de Boulos vêm de muitos lugares, mas de modo nenhum do radicalismo, da extrema-esquerda. Sua campanha eleitoral é a prova disso. Nunca adotou a cor vermelha, tradicional do movimento operário, que não é uma exclusividade dos revolucionários mas adotada historicamente também pelos partidos reformistas. Boulos vai além: sua cor predileta é o roxo, uma inspiração provocada por correntes pequeno-burguesas como o espanhol Podemos.

Realmente, Boulos e o PSOL são o equivalente brasileiro do Podemos. Esse partido apareceu na cena política espanhola após a crise capitalista de 2008, quando o país foi um dos mais afetados da Europa. Um grande movimento de massas surgiu do descontentamento popular, principalmente devido à impossibilidade de a classe operária pagar os aluguéis. Rapidamente, a burguesia manobrou através da esquerda pequeno-burguesa para tentar canalizar esse descontentamento para o terreno eleitoral.

Assim, com a crise crônica do regime político espanhol, uma herança do franquismo, o PP caiu do governo e deu lugar ao PSOE, na velha alternância de poder entre as duas faces do mesmo regime pós-Franco. O Podemos, apesar de toda a retórica esquerdista que fingia apresentar uma alternativa ao PSOE, se integrou em velocidade recorde ao regime, transformando-se em um PSOE pequeno, com a mesma política mas com uma retórica mais esquerdista. Finalmente, hoje forma governo em aliança com o PSOE e seu líder, Pablo Iglesias, outrora considerado uma “nova liderança” da esquerda espanhola, um “radical”, aquele que traria “esperança” para os espanhóis, governando com “mais amor e menos ódio”… agora é vice-primeiro-ministro de Pedro Sánchez (uma espécie de João Doria da esquerda espanhola, e que ataca a Venezuela tal como Boulos).

Iglesias é o Boulos amanhã, no melhor dos casos; e o Podemos é o PSOL do futuro. No Brasil, apresenta-se uma reedição de uma esquerda estéril tal qual o Podemos espanhol ou o Syriza grego. Uma esquerda disposta e usada para auxiliar na sustentação do regime político caduco da burguesia golpista e do imperialismo.

Ao desejar sorte a Covas, ao dizer que Covas é uma pessoa “ponderada”, Boulos mostra que seu inimigo não é a direita tradicional, mãe do bolsonarismo. Seu inimigo é somente Bolsonaro. E para isso vai se aliar à mãe de Bolsonaro contra o filho. Vai se aliar aos que são apenas “elitistas” contra os “fascistas”. Pouco importa se os “elitistas” criaram os “fascistas” e que, portanto, são tão fascistas quanto. No final das contas, o antirradical Boulos vai se unir a João Doria para “derrotar o fascismo”. Como se Doria não fosse um radical, um fascista, ao dar banho gelado em moradores de rua no inverno e chamar servidor público de vagabundo, entre muita e maiores atrocidades.

A comparação de Boulos e o PSOL com o Podemos de Iglesias ou o Syriza de Alexis Tsipras é certeira. Seria um grande equívoco compará-los à ala esquerda do Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn ou à ala esquerda dos Democratas de Bernie Sanders. Os dois últimos estão apoiados em um movimento das massas trabalhadoras: Corbyn foi eleito secretário-geral pelos sindicatos, enquanto Sanders tem propostas populares. Não são meros movimentos identitários, apresentam problemas reais para a população.

Já o Podemos, principalmente, mas também o Syriza, são movimentos explicitamente pequeno-burgueses, e suas reivindicações e retórica identitárias comprovam isso. Não são ligados ao movimento operário, mas à classe média que vive às sombras da burguesia.

Boulos e seu “gabinete do amor” do PSOL tentam imitá-los. Não apenas na retórica, mas também na política. E terminarão, como sempre ocorre, como um apêndice da direita “liberal”, “democrática”, “civilizada” – aquela que pariu o fascismo.

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