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Boulos e Haddad: as “lideranças” da esquerda que não quer lutar contra Bolsonaro

No dia 14 de janeiro, o portal GGN publicou um artigo intitulado “Bolsonarismo na ofensiva ideológica”, assinado por Aldo Fornazieri. Partindo de uma análise idealista da situação política nacional, Fornazieri conduz o leitor às seguintes conclusões: Guilherme Boulos e Fernando Haddad são as lideranças capazes de organizar um movimento progressista.

Embora “movimento progressista” tenha um significado bastante impreciso, este é o único termo que pode referenciar com fidelidade às ideias do autor. Afinal, em nenhum momento se encontra no artigo expressões como “classe trabalhadora”, “luta contra o golpe” e nem mesmo “luta contra o governo Bolsonaro”. Trata-se, portanto, de um texto com propósitos muito confusos.

O início do artigo se centra, fundamentalmente, em uma tese: a de que os bolsonaristas estão realizando uma intensa campanha de propaganda política para convencer a população a aderir à sua “ideologia”. Essa tese fica evidente no seguinte trecho: “toda ideologia se vincula a valores e os valores visam coesionar  adeptos e orientar condutas. A nova direita internacional, ao querer firmar-se como uma alternativa à esquerda e ao centro liberal, estimula de forma enfática um combate em torno de valores”.

Embora Fornazieri tente apresentar alguns argumentos, sua tese é completamente falsa. Bolsonaro e seus apoiadores não se lançaram em uma cruzada para converter pessoas ao bolsonarismo: o bolsonarismo é um movimento concreto que visa atacar diretamente o movimento operário. Nesse sentido, não há nenhuma ideologia bolsonarista: há apenas uma investida financiada pela burguesia contra as organizações operárias e contra os elementos que se oponham à ditadura dos capitalistas.

Em uma segunda parte do texto, Fornazieri apresenta uma segunda tese equivocada: a de que o MST e o MTST foram as únicas organizações que participaram de maneira efetiva da luta contra o golpe. Essa tese se revela na passagem a seguir: “a tentativa de criminalizar o MST e o MTST é evidente. Hoje, os dois movimentos são os únicos que conseguiriam propor uma oposição mobilizada, dada a paralisia e a confusão que reina nos partidos de esquerda, particularmente no PT”.

Dizer que só o MST e o MTST propuseram uma oposição mobilizada seria o mesmo que dizer que a CUT não teve qualquer papel nos atos contra o impeachment e na primeira greve-geral do século; seria dizer que o PT jamais lançou a proposta de criação de comitês em defesa do ex-presidente Lula. As dificuldades apresentadas pelo PT na organização de uma luta contra a direita são as mesmas que apresentam as demais organizações: a falta de um programa claro e de uma direção determinada em mobilizar os trabalhadores para a conquista de suas reivindicações.

Mas por que então teria o autor focado sua crítica ao PT? A resposta é simples: o artigo, que se apresenta como uma crítica a uma inexistente “ideologia bolsonarista”, é, na verdade, uma crítica à política do Partido dos Trabalhadores. Mais precisamente, uma crítica aos aspectos mais esquerdistas da política levada pelo PT.

No meio do artigo, Fornazieri admite que considera um “erro” o fato de o ex-presidente Lula ter oferecido asilo político a Cesare Battisti: “o partido já pagou e continua pagando o preço pelo erro de não ter extraditado Battisti”. Ou seja, a crítica de Fornazieri ao PT é a crítica de não ter entrado em uma frente única com a extrema-direita pela extradição de um militante da esquerda italiana.

A análise de Fornazieri sobre os motivos que levaram Bolsonaro à Presidência da República pode ser resumida em um famoso chavão da direita: “a culpa é do PT”. A solução, portanto, seria “despetizar”o PT – isto é, eliminar do PT as características que o tornam inaceitável para o regime político. E isso significaria, finalmente, no sacrifício do ex-presidente Lula: “a renovação dos comandos partidários é algo urgente, mas, aparentemente, difícil de fazer, pois os esquemas de poder interno dos partidos estão ossificados”.

O que o texto de Fornazieri dá a entender é que todos os problemas da situação política nacional seriam resolvidos se a esquerda conseguisse desmascarar o bolsonarismo do ponto de vista ideológico. Isto é, o problema do crescimento da extrema-direita nada teria a ver com a luta de classes, mas sim com a incapacidade de a esquerda parir quadros partidários suficientes hábeis para convencer a população de não aderir ao bolsonarismo.

A conclusão a que Fornazieri vai chegar é a mesma que a imprensa golpista vem pregando: é necessário substituir Lula e todas as lideranças ligadas a ele por lideranças de brinquedo, fabricadas pela burguesia e sem qualquer influência no movimento operário. Essas lideranças são Guilherme Boulos, que lançou candidatura própria para não apoiar Lula nas eleições do ano passado, e Fernando Haddad, que já se mostrou ser membro da ala direita do PT.

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