Em uma recente sabatina feita por entrevistadores do jornal Estadão e publicada no Youtube, o candidato do PSOL a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos, voltou a defender o candidato Wesley Teixeira, também do PSOL, no caso das doações recebidas por ele e que vieram de figuras ligadas a banqueiros como o economista e ex-ministro de FHC, Armínio Fraga, o banqueiro João Moreira Salles, também do herdeiro do Banco Itaú e outros nomes.
Wesley é candidato a vereador de Duque de Caxias pelo PSOL e seu nome ganhou reconhecimento nacional quando as doações dos banqueiros foram reveladas. Naquele momento, uma parte grande do partido se rebelou contra a situação e exigiu que houvesse alguma punição contra Wesley. Inclusive, o próprio PCB que estava apoiando Wesley, retirou seu apoio quando a história veio à tona, mas manteve o apoio ao PSOL em outras cidades. No entanto, as figuras mais proeminentes do partido defenderam o candidato. Marcelo Freixo, exímio defensor da frente ampla chegou a ameaçar sair do PSOL caso Wesley tivesse que devolver a doação ou sofresse alguma punição.
Em entrevista à Fórum, Boulos já havia se posicionado favorável às doações recebidas por seu colega de partido. Ele falou, porém, que o problema das doações seria o “simbolismo” que o nome de Armínio Fraga carrega, por ele ter sido ministro de FHC. Por conta desse “simbolismo” ele não teria aceitado a doação. Talvez se fosse um capitalista menos conhecido ou com menor “carga simbólica”, estaria tudo bem aceitar.
Na sabatina do Estadão, Boulos mantém esse posicionamento. Ele diz, inclusive, que o assunto dentro do PSOL “já estaria resolvido” e reforça seu apoio ao candidato a vereador. No vídeo, fica claro que a resposta do candidato a prefeito de São Paulo agradou grandemente os entrevistadores do Estadão, que o tempo todo procuraram provocá-lo a dizer que, caso eleito, dialogaria com setores da direita e da burguesia.
A posição de Boulos e do PSOL demonstram o caráter de sua própria candidatura, que não é nada diferente da candidatura de Wesley Teixeira. Ambos são candidatos que ficaram a reboque da burguesia, por terem recebido financiamento dela e que irão, no fim das contas, defender os seus interesses e não os da classe trabalhadora. O PSOL, sendo um partido pequeno-burguês, serve melhor aos golpistas e à direita para suas finalidades de procurar criar uma frente ampla que possa colocar a esquerda a serviço dos candidatos da direita tradicional.
Nesse sentido, todo o discurso superficial de Boulos sobre “socialismo” vai por água abaixo. Um candidato que defendesse verdadeiramente o socialismo e a luta da classe operária jamais se aliaria com banqueiros e a burguesia a troco de um mandato que representa somente uma chance de ascensão social para o pequeno-burguês.