Há pouco mais de um mês, a direita colocou o maior líder popular do país na cadeia. Através de um processo fraudulento, que passou por cima da Constituição inúmeras vezes, os golpistas ignoraram descaradamente os interesses dos trabalhadores e deram mais um passo rumo ao endurecimento do Regime Político.
Embora a direita tenha conseguido prender o ex-presidente Lula, há uma forte tendência à mobilização contra o golpe e ao enfrentamento com os golpistas. A própria resistência de São Bernardo, que retardou a prisão de Lula por cerca de 24 horas, é uma demonstração de que a população não quer se submeter aos golpistas, mas sim lutar para impedir o aprofundamento do golpe.
Consciente da tendência à revolta pela exclusão progressiva de Lula do regime político, a burguesia vem impulsionando candidaturas abutres de partidos considerados “de esquerda”. Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, que subiram em todos os palanques ao lado de Lula antes de ele ser preso, agora cumprem a função de apagar da memória da população a figura do maior líder popular do país.
Paparicados pela imprensa golpista, Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos atuam como se o país estivesse em perfeita normalidade – não denunciam o golpe, não dizem que eleição sem Lula é fraude e discutem suas propostas como se houvesse a mais remota possibilidade de a esquerda ganhar a eleição sem Lula.
O comportamento dos abutres em relação à candidatura de Lula, no entanto, é mais do que esperado. Guilherme Boulos, por exemplo, que é apontado como um “grande líder popular”, nada mais é que um pequeno líder de classe média. Além de não ter nenhuma ligação real com o movimento operário, Boulos é aliado de Paula Lavigne e de Marcelo Freixo.
Lavigne e Freixo são dois elementos consagrados da classe média carioca. Lavigne, por exemplo, foi a responsável por convidar atores da Rede Globo, que fizeram parte da campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff, para participar de atos junto à esquerda. O ápice dessa aproximação criminosa foi o movimento artificial pelas “Diretas já”. Marcelo Freixo, por sua vez, foi o candidato utilizado pela Rede Globo para combater o candidato da Igreja Universal, Marcelo Crivella. Não é à toa que o eleitorado de Freixo, nas últimas eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro, coincidiu, em grande medida, com o eleitorado de Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014.
A trairagem dos candidatos abutres mostram claramente que os trabalhadores não podem defender nenhum “plano B”. A única alternativa real para os trabalhadores, a única forma de conseguir barrar os ataques dos golpistas e caminhar rumo a um regime controlado pelos trabalhadores é através de uma luta contra o golpe.