A derrota em casa para o Cuiabá, no primeiro jogo pelas oitavas de final da Copa Brasil, provocou reação por parte da torcida do Botafogo do Rio. Torcedores picham os muros do estádio, com críticas à diretoria, e também fazem protesto em frente ao estádio Nilton Santos. Cobram mais transparência com o que ocorre na administração do clube, e também melhores resultados em campo do clube.
São críticas principalmente à diretoria, mas os jogadores também não foram poupados. A demissão de Bruno Lazaroni foi a última ação do Comitê Executivo do Futebol do Botafogo, que será desfeita após eleição de 24 de novembro.
A votação não foi unânime, mas gerou problemas entre os cartolas que comandam o futebol do clube. A queda do Bruno ocorreu após um mês de sua contratação, quando ainda se recuperava de cirurgia no abdômen. Por enquanto quem ocupa seu lugar é o treinador de goleiros Flávio Tenius.
Para a diretoria, a gota d’água foi a derrota para o Cuiabá, os jogadores apresentaram falta de motivação e de iniciativa.
Com a crise financeira do time que vem de antes da pandemia, o clube elaborou uma plano A para buscar dinheiro e formar a S/A. O plano conta com os irmãos Moreira Salles sendo os investidores majoritários. O restante do dinheiro necessário, 124 milhões de reais, o clube teria que buscar no mercado, o que com o início da pandemia não conseguiu.
A partir daí, entraram em campo com o plano B, com o empresário Gustavo Magalhães à frente do processo. Diferente do plano anterior, este não tem investidores ainda, mas conta com a abertura para aceitar investidores estrangeiros. Isso é o que diz matéria do Globo Esporte, da imprensa golpista Rede Globo.
O que acontece com o futebol brasileiro e provavelmente com todo futebol mundial? O que sempre se repete, desde sempre no noticiário, é a falta de verbas nos clubes. Como é possível que com tamanhas arrecadações a cada partida jogada, haja falta de recursos?
A resposta deve ser encontrada ao olhar mais de perto o funcionamento dos campeonatos. Há empresas que dizem patrocinar os clubes, basta olhar as propagandas nas camisetas e durante as transmissões das partidas nas televisões. A própria transmissão dos jogos pela televisão é alvo de disputas acirradas pelas empresas de comunicação. Com a comercialização de espaços para propaganda nos uniformes, direitos de exibição de imagem dos atletas, etc, tem-se a impressão de que são recursos que entram para os clubes. E então não faz sentido a alegação de falta de dinheiro por parte dos clubes.
Como sabemos, empresas visam lucros, todo investimento precisa apresentar retorno para o investidor. Com os investimentos no futebol, querem retorno financeiro. Os investimentos seguem outra lógica que não é a de boas apresentações pelo futebol arte, mas a de proporcionar soma maior do dinheiro que foi investido.
Nesta lógica, vê-se partidas “compradas” para que apresentem os resultados financeiros esperados por parte dos investidores. Como o futebol é apreciado como paixão na maioria dos países, mobilizando a massa da população, envolve gigantescas quantias em dinheiro, e promove os países, não é difícil concluir que todo o controle sobre ele é feito pela burguesia imperialista.
Manipulam de todos os modos para usar o futebol como arma para garantir que a classe burguesa continue a explorar o povo trabalhador. Pior ficam os clubes nos países com desenvolvimento precário como o caso do Brasil e toda a América Latina. E aos poucos o trabalhador vai ficando impedido de participar de sua paixão junto aos clubes.
Para acabar com essa interferência prejudicial ao futebol, é preciso que os clubes sejam controlados pelas organizações de luta dos torcedores: as torcidas organizadas. Que devem decidir a política a ser seguida pelo clube, afinal são sócios pagantes dele. Decidir qual canal transmitirá as partidas jogadas, quanto cobrará pela exibição, as contratações de jogadores, técnicos e a forma de administração do clube.
O futebol precisa voltar a ser um espetáculo para o envolvimento de sua torcida, independentemente da quantia de dinheiro que cada um tenha no bolso. Que volte a reinar a alegria das brincadeiras entre torcidas, sem proibições descabidas, que visam afastar o povo do futebol.