Assim como os republicanos norte-americanos, os conservadores ingleses parecem ter “encontrado” o seu Trump. Como Trump, Boris Johnson também foi apresentador de TV e também tem um comportamento extravagante. Além disso, é de uma ala de extrema-direita dentro do Partido Conservador.
O Partido Conservador está em crise, dividido e ameaçado pela ascensão de partidos de extrema-direita. Com isso, os próprios conservadores deslocaram-se à direita, para tentar impedir essa perda de espaço para a extrema-direita. Por isso elegeram Boris Johnson nas eleições internas, um sintoma da crise do partido, que é parte da crise do próprio regime político.
Johnson, um ardoroso defensor do Brexit – a saída britânica da Comunidade Europeia – já anunciou que levará à frente a decisão do Plebiscito de 2016. Esse é mais um sintoma da crise de um Partido dividido entre um setor que tentava um acordo para uma saída negociada da CE e um outro que defende a saída abrupta.
O impasse que se seguiu ao Plebiscito de 2016 levou a queda do primeiro-ministro David Cameron, um conservador antecessor da Theresa May, que recém renunciou ao cargo e marca o fracasso da tentativa de May em levar à frente um período de transição após o Brexit, com três três derrotas na tentativa de fazer aprovar um acordo na Câmara dos Comuns com esse propósito.
O fato da ala mais à direita dos conservadores assumir o governo deve ser medida pelo próprio impasse do Partido diante da situação e a tendência que se abre para a perda de espaço para partidos de extrema-direita, como o UKIP ou lideranças como Nigel Farage.
A crise econômica permanente agudiza as contradições do acordo de união econômica e política dos 28 membros que compõem a Comunidade Europeia. A situação da Inglaterra é um sintoma dessa contradição.