Macabro. Sinistro. Sociopata.
Essas são algumas das palavras que circularam pela redes sociais em referência ao caso do ônibus, com 37 pessoas, sequestrado por uma pessoa armada na ponte Rio-Niterói na manhã da terça-feira (20/8).
O sequestro durou mais de 3h30, com o ônibus cercado pela polícia, e terminou com o sequestrador morto por tiros, supostamente disparados por um atirador de elite, sniper. Todos os reféns foram liberados.
O coronel Mauro Fliess, da PM do Rio de Janeiro, declarou que o disparo do sniper foi necessário para neutralizar o sequestrador. E afirmou que “essa é a polícia que queremos ver”.
Fica evidente que o episodio foi usado para justificar o uso dos sniper, defendido pelo governador fascista do Rio que, comemorou entusiasticamente o assassinato do jovem de 20 anos.
Depois Fliess reconheceu que rapaz, morto por seis tiros, portava uma arma de brinquedo. Mas Fliess justificou: “Ele estava de posse de uma arma de brinquedo, porém, ele jogou combustível no ônibus e ameaçava incendiá-lo. Após ele ser neutralizado, as equipes identificaram que a arma que ele portava era de brinquedo”, informou o porta-voz.
O autor do sequestro foi identificado como William Augusto Nascimento, de 20 anos, trabalhava como vigilante e não tinha antecedentes criminais.
Durante o sequestro, ele parecia desorientado e não fazia nenhuma exigência. Ainda não se sabe qual foi sua motivação. Simplesmente anunciou a ameaça contra o ônibus sem reivindicar nada.
Um dos passageiros, o professor Hans Miller Moreno do Nascimento, de 34 anos, que estava a caminho do trabalho quando o ônibus foi sequestrado por volta das 5h da manhã, conta que o sequestrador anunciou o ato e pediu para que os passageiros entrassem em contato com a polícia.
O professor, que, coincidentemente tem o mesmo sobrenome do sequestrador do ônibus, contou que no início todos os passageiros estavam tensos e preocupados, achando que era um assalto. Muitas pessoas esconderam celular e carteira embaixo do banco, mas o sequestrador disse que não queria os bens de ninguém, apenas entrar para a história.
Segundo o professor, William Nascimento tinha uma faca de cerca de 50 centímetros e pediu para uma passageira escrever o número de telefone dele no vidro do ônibus com batom para a polícia ligar e negociar com ele. “O tempo todo dizia que a gente ia ter muita história para contar sobre o dia de hoje, mas que não queria nos machucar. O tempo todo tentava nos acalmar”, disse o professor Hans Nascimento.
Quando William foi morto e os reféns libertados o governador do Estado, Wilson Witzel, chegou à ponte de helicóptero, e desceu saltando e vibrando com a morte do rapaz como seu fosse a comemoração de um gol. O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, que mais cedo já havia se manifestado sobre o assunto, dizendo para a polícia “não ter pena”, parabenizou os policiais do Rio de Janeiro pela ação.
As palavras do início do texto, que circularam pelas redes sociais nos comentários sobre o caso, se referiam ao comportamento cruel dos dois fascistas: de Witzel, que tem uma fixação pela morte de pretos e pobres, tanto é que ele próprio metralha a população favelada do seu estado do alto de um helicóptero, e à postura de Bolsonaro, que é outra criatura das trevas ou, no mínimo, é incapaz de compaixão devido a uma insanidade evidente, mas não diagnosticada clinicamente.