O presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, voltou a elogiar a ditadura fascista de Augusto Pinochet no Chile. Ao responder declaração da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, o líder de extrema-direita também defendeu a política de tortura e execuções promovida entre 1973 e 1990 naquele país.
“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre ela o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba”, disse Bolsonaro na última quarta-feira (04).
O pai da também ex-presidenta do Chile, general-brigadeiro Alberto Bachelet, foi torturado e morto pela ditadura sanguinária de Pinochet em 1974.
Anteriormente à fala de Bolsonaro, Michelle Bachelet havia denunciado nas Nações Unidas a “redução do espaço democrático” no Brasil nos últimos meses, com o assassinato de ativistas dos direitos humanos nas mãos do Estado controlado pelos golpistas.
É importante ressaltar que Bachelet, embora tenha sido presidenta pelo Partido Socialista, implementou uma política extremamente moderada e mesmo direitista e suas posições pequeno-burguesas com aliança com o imperialismo a levaram ao cargo na ONU. Isso fez com que uma parcela da esquerda latino-americana acreditasse que ela denunciaria o imperialismo, mas após um relatório fraudulento sobre os direitos humanos na Venezuela, sem destacar o bloqueio imposto pelos EUA e a violência da oposição, suas posições alinhadas ao imperialismo ficassem totalmente reveladas.
Enquanto atacou fortemente o governo de Nicolás Maduro, Bachelet apenas fez uma pequena observação sobre a repressão no governo Bolsonaro, uma verdadeira ditadura. A Venezuela pintada pela ONU na verdade é o Brasil de Bolsonaro, mas as denúncias – quando existem – são tão fracas como a feita por Bachelet.
Mas a resposta de Bolsonaro evidencia, uma vez mais, seu caráter absolutamente fascista. Essa não foi a primeira vez que ele exaltou o regime de Pinochet. Ao longo de sua carreira como deputado, já havia afirmado que o ditador chileno “fez o que tinha que ser feito” e também que “devia ter matado mais gente”.
A ditadura pinochetista executou pelo menos 3.065 ativistas e intelectuais e torturou 40 mil pessoas, segundo relatórios de comissões da verdade. Foi um regime fascista instalado pela burguesia imperialista para esmagar o movimento operário, que estava em ascensão até ser reprimido com o golpe de 1973, promovido pelos Estados Unidos.
Da mesma forma que sempre elogiou a ditadura brasileira, tendo o torturador Brilhante Ustra como ídolo, ou a ditadura paraguaia de Alfredo Stroessner, agora Bolsonaro volta a defender todos os crimes cometidos por uma das mais brutais ditaduras do século XX, a de Pinochet no Chile.
Para além de uma defesa retórica, Bolsonaro faz uma defesa prática dessas ditaduras, ao tentar reproduzi-las em seu governo no Brasil. Em nove meses de governo, Bolsonaro já demonstrou que está criando uma ditadura, com tendências fascistas, para exterminar a esquerda e o movimento operário. Haja vista a perseguição dos movimentos sociais, a repressão aos sem teto, o banho de sangue no campo, a caça aos sindicatos, a tentativa de incriminar o MST, o MTST e o PT, a prisão de diversos líderes políticos, entre eles o ex-presidente Lula, mantido preso desde o ano passado em Curitiba.
O papel da esquerda e do movimento popular é evitar que Bolsonaro repita o que fez seu ídolo Pinochet. Para impedir que os brasileiros tenham o mesmo destino dos chilenos que morreram nas mãos da ditadura militar dos anos 70 e 80, é preciso colocar um fim imediato no governo Bolsonaro, derrubar o regime golpista pela força da organização popular nas ruas, fábricas e universidades. É preciso articular e concretizar o Fora Bolsonaro.