O caráter criminoso e abertamente fascista do governo Bolsonaro pode ser identificado no envolvimento de membros do governo com grupos armados, paramilitares, milícias e outras organizações que têm como único objetivo perseguir e assassinar a população. Um exemplo claro disso é a nomeação ocorrida no início deste mês de Fevereiro do ex-deputado capixaba, Carlos Manato, para o cargo de Secretário Especial para a Câmara dos Deputados da Casa Civil da Presidência da República.
Ocorre que Carlos Manato tem em seu histórico o envolvimento com um grupo paramilitar, um verdadeiro esquadrão da morte com atuação no Espírito Santo, a Secuderie de Le Cocq. Fundada em 1984, tal organização se notabilizou ao longo do tempo por agrupar várias pessoas ligadas ao setor militar e jurídico, como policiais, militares, advogados, juízes, além de ter uma extensa ramificação entre políticos e empresários do Espírito Santo.
A Secuderie de Le Cocq atuava como um verdadeiro grupo de extermínio, ao todo, ao longo de quase vinte anos de atuação no estado, a organização tem registrada 30 mortes de políticos do Espírito Santo, além de 1500 assassinatos, um número que contribuiu para transformar o Espírito Santo em um dos estados mais violentos do país.
Carlos Manato, que já fora deputado pelo estado pelo PDT em 2006, 2010 e 2014, em 2018 desistiu da candidatura ao legislativo para se candidatar ao governo do estado pelo partido de Bolsonaro, o PSL. A filiação do ex-deputado à Secuderie de Le Cocq ocorreu no ano de 1992, Manato permaneceu três anos filiados oficialmente à organização.
Apesar de ter sido fundada oficialmente na década de 1980, esta organização paramilitar tem sua origem na década de 1960, no Rio de Janeiro. Em 1965 um grupo de policiais decidiu vingar a morte do detetive Milton Le Cocq. O acusado do crime, Cara de Carvalho, foi assassinado com mais de cem tiros, sendo seu corpo coberto com um cartaz de caveira. Em 2005 a organização foi declarada extinta pela justiça após um conjunto de investigações e denuncias. Um dos casos mais famosos e que até hoje não fora esclarecido, foi a morte do investigador de polícia Dermeval Gonçalves Pereira com um tiro na nuca, em 1993, dentro do banheiro da sede da organização enquanto ocorria uma reunião, até hoje o caso não teve uma solução.
O envolvimento de membros do governo Bolsonaro com milicias e grupos de extermínio, com é o caso de Carlos Manato, demonstra na prática que este governo, fruto da fraude e do golpe, é formado por inimigos e assassinos da população pobre e trabalhadora. Ou seja, um governo que possui em si uma série de elementos fascistas. Nesse sentido, não há como estabelecer qualquer tipo de diálogo, a única política correta é a mobilização popular pela derrubada imediata do governo Bolsonaro e de todos os golpistas.