O presidente ilegítimo do Brasil Jair Bolsonaro declarou ao jornal argentino Clarin que espera que os argentinos reflitam muito “sobre essa visita de seu candidato a Lula”. O candidato em questão é Alberto Fernández, que disputará as eleições presidenciais pelo Partido Peronista e visitou o ex-presidente Lula no início do mês de julho, nas masmorras da Polícia Federal, em Curitiba.
Apesar de ser um jurista vinculado a governos neoliberais, Fernández foi atacado por Bolsonaro porque encabeçará uma chapa com Cristina Kirchner como vice. Perseguida pelo imperialismo e considerada a mais popular liderança do Partido Peronista na atualidade, Kirchner é – apesar dos enormes limites de sua política burguesa – uma pedra no sapato dos golpistas que querem destruir a América Latina, em favor do imperialismo.
Não é à toa, portanto, que Bolsonaro fez questão de mencionar a ex-presidenta argentina em sua entrevista ao Clarín. Disse ele: “o candidato de Cristina Kirchner não conhece a realidade brasileira. Aqui confiamos em nossas instituições. Lula foi condenado em três instâncias. Espero que a Argentina reflita muito sobre essa visita de seu candidato a Lula”.
A declaração de Bolsonaro ocorreu às vésperas de sua viagem para a Argentina, onde estará ocorrendo, a partir de hoje, uma reunião da cúpula do Mercosul. Diante desse fato, Bolsonaro também aproveitou para reiterar a posição que o imperialismo espera do próximo presidente argentino: “o candidato de Cristina Kirchner disse que revisaria (o acordo) Mercosul-União Europeia. Isso vai trazer problemas econômicos para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Estamos focados na economia. Um governo com a economia fraca não se sustenta. E eu não quero que a Argentina siga a linha da Venezuela. Por isso que apoio a reeleição de Macri. Na verdade, apoio apenas que Cristina Kirchner não volte ao poder, tendo consciência de que não vou interferir politicamene em outro país”.
O apoio de Bolsonaro a Macri e o ataque ao kirchnerismo mostra que o presidente golpista do Brasil pretende atuar não só como um capacho dos norte-americanos em seu próprio território, mas como uma espécie de feitor que garanta o saque dos capitalistas por toda a América Latina. As eleições argentinas são assunto do povo argentino, mas Bolsonaro faz questão de tentar influenciar na disputa presidencial para tentar consolidar seu papel como líder dos presidentes golpistas da América Latina, que tentam a todo custo depor o governo venezuelano e atender tofss as reivindicações do imperialismo.
A intromissão de Bolsonaro nas eleições argentinas também mostra a enorme polarização política corrente no país vizinho e em todo o continente.