Antes mesmo da eleição de seu governo ilegítimo, Bolsonaro já expressava a repulsa aos trabalhadores do serviço público. Essa política que foi aprofundada após o golpe de 2016, foi um dos motes da campanha fascista de Bolsonaro, propagada principalmente pela figura do futuro ministro da economia Paulo Guedes. Com o discurso de diminuição do Estado, a política do governo Bolsonaro é de destruição total do serviço público. A falta de concursos e contratação de trabalhadores temporários, além de prejudicar a qualidade dos serviços oferecidos a população, é um ataque frontal aos servidores que tem sua categoria cada vez mais desvalorizada. Com a reforma administrativa proposta por Guedes, haverá um esvaziamento do setor.
Segundo informações da CUT, em 2020 apenas 665 trabalhadores concursados foram convocados. Em 2010, foram mais de 16 mil. Somente este ano, até o mês de outubro foram contratados 22.871 trabalhadores temporários. Percebe-se assim uma política do governo federal de sucatear o serviço público, contratando trabalhadores com salários cada vez menores e com menos direitos. Isso não apenas é um duro ataque aos trabalhadores, mas também agrava a situação da prestação dos serviços públicos federais. Um dos sintomas dessa política é a situação gravíssima que passa o atendimento do INSS. Atualmente, mais de 1,5 milhão de pedidos de benefício aguardam análise. E claro, diante dessa situação quem mais sofre é a camada mais pobre da população, a qual depende da prestação de serviços públicos na área da saúde, educação, previdência e outros.
Essa política levada adiante no Brasil é também observada em outros países. O pacto social em que a burguesia garantia uma esmola para a população já não está sendo mais possível. A crise capitalista impõe à própria burguesia uma política ainda mais agressiva aos trabalhadores. Diante deste cenário, é impossível qualquer tipo de aliança com o setor que pretende matar o povo de fome. A tarefa dos partidos e organizações de esquerda, é orientar e incentivar as mobilizações populares por melhores salários, diminuição da jornada de trabalho para combater o desemprego, e no caso do serviço público, a incorporação como funcionários efetivos de todos os terceirizados e temporários, com todos os direitos já assegurados aos trabalhadores efetivos. Essa luta só será possível com a independência dos setores de esquerda diante da política da burguesia. Os sindicatos devem levar adiante uma pauta que seja do interesse dos trabalhadores, e não ficar a reboque da política burguesa. Isso porque, apesar do ataque brutal do governo Bolsonaro aos trabalhadores, essa também é a política da direita tradicional. Qualquer tipo de aliança com esse setor por parte da esquerda só poderá resultar em desastre para os trabalhadores e setores populares.