A esquerda pequeno-burguesa, que nunca foi muito conhecida pelo seu senso de direção político, foi tomada por um surto histérico. O resultado eleitoral do último domingo, embora deva ser analisado com os dois pés atrás devido à completa farsa que estão sendo estas eleições, foi um golpe muito duro, que acabou deixando essa esquerda ainda mais desnorteada.
O pânico se instaurou com o desempenho eleitoral de Bolsonaro. A sua ampla votação seria uma prova de que o povo brasileiro teria se convertido ao fascismo. Um fenômeno inédito na história, que mereceria ser registrado. O Brasil seria o primeiro país do mundo onde a extrema-direita teria se tornado popular, enfim, uma verdadeira jabuticaba, um fenômeno genuinamente brasileiro. No entanto, trata-se obviamente de mais um engano da esquerda pequeno-burguesa.
Em seu delírio, esses setores que se deixam levar pela histeria se esquecem de alguns detalhes fundamentais. O ex presidente Lula liderava todas as pesquisas e despontava com a possibilidade de vitória no primeiro turno. Este mesmo Lula, o político mais popular do país, foi tirado à força das eleições, aprofundando ainda mais o golpe de Estado. No entanto, esse golpe não passou em branco e se refletiu nas eleições, onde se pôde constatar que cerca de 40% dos eleitores não votaram em ninguém.
É preciso dizer em alto e bom som: Bolsonaro e a extrema-direita não são populares nem nunca serão, são justamente os setores mais atrasados da classe trabalhadora e as classes médias mais afetadas pelo golpe que são tragados pela direita. Como dizia o PT e ainda afirma o PCO, eleição sem Lula é fraude. E o resultado das eleições comprova isso.