Com a chegada da pandemia do novo Coronavírus ao Brasil, o governo se viu obrigado a abandonar o teto de gastos estabelecido e estabeleceu a utilização do crédito extraordinário, que não entra no teto e é utilizado em tempos de calamidade pública como uma pandemia, onde já foram gastos R$489,5 bilhões nas ações de combate a doença. Apesar de ser um número alto, o que vemos na realidade dos brasileiros é que estes gastos são apenas irrisórios e não estão cumprindo efetivamente o papel que seria a eles atribuído, de ajudar a população a enfrentar a pandemia. Desde o começo da crise, o Brasil já gastou aproximadamente um terço de todas as despesas previstas no teto de gastos para 2020, que somam R$ 1,454 trilhão, e já utilizou dez vezes mais daquilo que o governo foi autorizado a gastar além do teto, que somam R$ 47,8 bilhões. O teto de gastos foi estabelecido por Emenda Constitucional em 2016, onde se estabelece que o limite dos gastos do governo estaria ligado à variação da taxa de inflação.
Apesar dos gastos, a realidade dos trabalhadores brasileiros continua praticamente a mesma desde o início da pandemia. Poucos hospitais de campanha foram construídos, a população continua sem testes suficientes para saber a real dimensão da doença, não há leitos de UTI suficientes, não há respiradores, e os trabalhadores continuam com o futuro incerto, sem saber como vão sobreviver e se irão conseguir sobreviver à crise econômica e a pandemia. A maioria dos quase R$500 bilhões gastos até agora pelo governo foi destinado ao pagamento do Auxílio Emergencial, no valor de R$600, que também é uma verdadeira esmola e que não garante que os trabalhadores consigam se sustentar, principalmente os trabalhadores informais de serviços não essenciais, que tiveram suas atividades suspensas por várias vezes durante a demagógica quarentena realizada por prefeitos e governadores, que foi a única solução apresentada até o momento para o problema da pandemia.
O valor gasto até agora com a população fica ainda mais insignificante se levarmos em conta que para os bancos o governo já disponibilizou mais de R$2 trilhões, além dos problemas que existem em torno daquilo que foi a maioria dos gastos, o auxílio emergencial. Até agora milhões de brasileiros não receberam nem mesmo a primeira parcela do benefício, e os que conseguem receber estão com restrições para utilizar o dinheiro já que o aplicativo utilizado para as transações bancárias vive em constante oscilação e fora do ar.
Além do descaso e má administração do dinheiro, o governo planeja cortes de gastos para os próximos anos, ao invés de melhorar os investimentos no pós pandemia (que ainda não sabemos quando irá acontecer). O governo já declarou que o país pretende continuar com os gastos dentro do teto, e isso significa que nos próximos meses haverá cortes com o funcionalismo público e também em despesas obrigatórias, o que impacta diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores. Enquanto para a grande burguesia e para os bancos não há uma preocupação com metas e teto de gastos, para os trabalhadores sempre sobra a conta da crise, tendo seus direitos cada vez mais suprimidos e suas condições de vida mais atacadas. Fica claro que o governo tem uma política completamente genocida para com os trabalhadores, que são desamparados em todas as esferas, principalmente na saúde e na economia, em meio a tempos de pandemia e crise, e ainda serão obrigados a serem aqueles que pagam a conta pelos estragos feitos pela irresponsabilidade burguesa com o dinheiro e a vida dos trabalhadores. É preciso parar o genocídio da população brasileira e lutar pelo Fora Bolsonaro, somente com a derrubada do governo os trabalhadores poderão ter as condições necessárias para que suas vidas sejam preservadas em meio à crise.