No dia 10 passado, Bolsonaro, presidente empossado por um golpe de estado, na sua live, que foi ao ar nesse mesmo dia, fez junto com Nabhan Garcia, seu secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, vários ataques ao MST, a quem, inclusive, chamou de “organização criminosa”.
Ele também afirmou que “cortou” os recursos de entidades e movimentos camponeses:“Nós fizemos uma quimioterapia na questão do MST”.
Durante a live, Nabhan, que acompanhava Bolsonaro, também se manifestou nesse sentido dizendo que: “Acabou as invasões, e mais, acabou repasse de dinheiro, para MST, Via Camponesa, Liga Camponesa, Via Campesina… Para essas organizações criminosas. Quem promove invasão de propriedade e terrorismo no campo são foras da lei e o seu governo, nosso governo, não negociamos com fora da lei”.
Luís Antônio Nabhan Garcia, é o homem forte no jogo político do agronegócio. Como ferramenta importante nesse jogo, o secretário tem se utilizado do Incra para atingir o MST, e também da ação da Força Nacional. No seu currículo, Nabhan tem a presidência da UDR, e é latifundiário conhecido por ter promovido inúmeros massacres contra trabalhadores rurais na região do Pontal do Paranapanema, sendo inimigo declarado que ameaça acabar com o MST.
Ele tem atuado em várias regiões do país em nome do governo Bolsonaro para privatizar assentamentos, fazer despejos, e usar todo o tipo de violência contra os trabalhadores do campo. Com esse propósito, Nabhan, articulando com latifundiários, PMs e o INCRA, tem disseminado mentiras, imputado crimes ao MST, que não são mais do que farsas, tudo para beneficiar empresários especuladores do mercado imobiliário, grileiros,.
Nabhan contra com uma rede de policiais e jagunços contratados para aterrorizar as famílias dos trabalhadores que se estabeleceram em diversos assentamentos espalhados pelo Brasil inteiro
As terras do acampamento geralmente são terras improdutivas, e as famílias de camponeses lutam por anos na justiça para manter o assentamento. E, além de ter que brigar contra a justiça que nem sempre ajuda, os camponeses são atacados por pistoleiros e sendo retirados dos assentamentos por decisão judicial, ou são assassinados.
As famílias denunciam que a área em que estão é terra pública, grilada pelo latifundiário e destinada à reforma agrária, mas não encontram eco nos seus apelos, a não ser por grupos de mobilização social nos locais que se propõe a auxiliar de alguma forma.
A live de Bolsonaro, demonstra a tônica do governo e a sua convergência aos interesses comuns ao latifúndio, ao assassinato aos trabalhadores do campo, e a tomada na “mão grande” das terras improdutivas entregues a grupos de pequenos agricultores como os que estão organizados pelo MST. A depender pela justiça, a força policial, e o governo, essas famílias são jogadas na rua da amargura, despejadas, violentadas, tendo que enfrentar toda a sorte de armadilhas e torturas, sem nenhum fundamento legal, justo e baseado em sólido direito que o justifique, ou que sirva de base para as afirmações de Bolsonaro e Nabhan.
Diante deste panorama, fica clara a necessidade de se criar uma ampla mobilização que envolva a esquerda e movimentos sociais de base, como o MST, para que, dessa forma, seja possível derrubar esta política, sendo esse momento importante para que se faça algo, , antes mesmo que Bolsonaro consiga organizar o governo e renovar os ataques contra as organizações de luta pela terra, em especial o MST.