Em recente publicação em seu sítio com o título “posse de armas: mais uma medida para agradar ao imperialismo” o agrupamento Luta pelo Socialismo (LPS) procura classificar o decreto de Bolsonaro sobre posse de armas no Brasil, como resultado da pressão de grandes empresas internacionais de olho no mercado interno, hoje, sob controle da Taurus, uma empresa brasileira.
“O que, num primeiro momento, aparece como uma surpresa [queda das ações da Taurus após a divulgação do decreto], é, na verdade, reflexo da guerra comercial do setor. Não por acaso, ainda na campanha eleitoral, Jair Bolsonaro prometeu ‘quebrar o monopólio da Taurus’, tentando atrair mais empresas do setor privado ao País, modificando a legislação vigente”.
Adiante, a matéria cita ainda que: “de acordo com a Folha de SP, desde o final do ano passado, vários fabricantes de armas sinalizaram interesse em produzir no País e viram com bons olhos a eleição de Bolsonaro. A multinacional Ruag, sediada na Suíça, já obteve autorização do Governo para se instalar aqui. Outras marcas, como a Glock (Áustria), CZ (República Checa) e Caracal (Emirados Árabes Unidos), negociam a vinda para o Brasil”.
Segundo a LPS, portanto, o decreto de Bolsonaro sobre as armas foi feito na medida para os interesses do imperialismo ao permitir a entrada de empresas estrangeiras do setor de armas, diante de um mercado que vai se abrir com a flexibilização da venda de armas.
Uma primeira confusão expressa na matéria é a de que o imperialismo tem uma política de defesa do armamento, mesmo que restrito, da população. Isso não é fato em nenhum lugar.
Nos Estados Unidos é crescente a campanha impulsionada pelos setores mais pró-imperialistas do país por um maior controle na venda de armas de fogo.
No Brasil, também ocorre o mesmo. Basta ver a posição da Rede Globo sobre o assunto. A burguesia mostrou que não está de acordo com o decreto de Bolsonaro, porque, mesmo que muito limitado, o decreto dá o direito de posse de armas para as pessoas, o que já é um mínimo avanço no sentido do armamento da população.
Mas como o Bolsonaro pode fazer algo que mesmo minimamente beneficie a população?
A resposta tanto para a pessoa ingênua como para a LPS é a mesma. Bolsonaro foi pressionado por sua base social de extrema-direita a fazer esse decreto, porque ele precisa responder aos interesses dessa base social. Caso contrário, perde seu pequeno apoio “popular”.
A base social de Bolsonaro é a favor do armamento para o “cidadão de bem”, assim como a extrema-direita internacional, como nos EUA, porque os fascistas “ideológicos” querem certa independência do Estado, acreditam que o Estado é, em certa medida, um inimigo.
Por isso mesmo a burguesia, sempre quando os fascistas chegam ao poder, faz de tudo para retirar os elementos mais extremistas do governo, como fizeram com as S.A. de Hitler, porque eles são perigosos a ponto de atrapalhar os interesses da própria burguesia.
Finalmente, entre o seu discurso e a prática de “armar os cidadãos de bem”, Bolsonaro teve que acomodar seus interesses aos da burguesia, o que levou ao descontentamento da sua própria base social.